No passado dia 31 de março deu entrada no Centro de Recuperação e Investigação de Animais Selvagens (RIAS), em Olhão, uma águia de Bonelli (Aquila fasciata) abatida a tiro, proveniente da serra no concelho de Tavira. O animal foi encontrado por um particular que o encaminhou para o RIAS através dos elementos do Serviço de Proteção da Natureza e Ambiente (SEPNA) da GNR.
A fêmea adulta apresentava uma fratura grave na asa esquerda, tendo acabado por morrer durante a primeira noite de internamento. Através de raio-x verificou-se a existência de pelo menos 12 chumbos de caçadeira dispersos pelo corpo do animal.
“A ave apresentava ainda vestígios evidentes de ter estado em incubação, pelo que tudo indica que teria crias pequenas no ninho que acabarão por morrer à fome já que é improvável que o macho as consiga alimentar e proteger sozinho. Uma vez que nesta altura do ano é ilegal caçar, a águia só pode ter sido abatida intencionalmente, uma ocorrência completamente incompreensível e lamentável”, referiu o RIAS em comunicado divulgado na última segunda-feira.
A águia de Bonelli é uma espécie estritamente protegida pela legislação nacional e internacional e possui um estatuto de conservação preocupante (EN – Em Perigo) em Portugal. A população de águia de Bonelli do sul de Portugal é geneticamente distinta das restantes na Europa, pelo que a responsabilidade dos cidadãos portugueses na sua conservação é ainda maior.
“Apelamos a toda a população para uma maior sensibilidade e respeito pela lei, de forma a evitar este tipo de acontecimentos tão dramáticos para o ecossistema e para a conservação do património natural do nosso país”, exorta o RIAS que, desde o final de 2009, já recebeu 71 casos de animais feridos com chumbos de caça.