Pela Internet corre há alguns meses uma petição para “salvar” a atual escadaria e árvores do liceu, nomedamente ulmeiros, oliveiras, alfarrobeiras e eucaliptos vermelhos, presentes na entrada e nos pátios interiores da escola.
Segundo disse à Lusa a ex-professora Rosa Guedes, que integra a comissão de trabalho criada para acompanhar as questões ambientais, o projeto prevê o "abate indiscriminado" de árvores e a introdução de espécies exóticas.
Entre as novas árvores a introduzir na escola contam-se jacarandás, palmeiras, ciprestes e bambus, refere, sublinhando que a manutenção destas espécies requer "cuidados especiais" e "custos acrescidos".
A presidente do Conselho Geral da Escola, Teresa Matias, diz que algumas árvores alegadamente doentes já foram abatidas e mostra-se esperançada de que as mais saudáveis possam ser transplantadas.
"Não sou fundamentalista em relação a manter apenas espécies autóctones mas não concordo que se abata tudo", disse à Lusa, acrescentando aguardar que a equipa de arquitetos paisagistas tenha em conta as sugestões do conselho.
O diretor da escola, Fernando Gomes, diz desconhecer em profundidade o projeto de arquitetura paisagista mas afirma ter confiança nos técnicos e na Parque Escolar, que gere a obra.
"A minha preocupação tem sido mais com a segurança da obra e não tanto as questões ambientais", refere, admitindo que a execução da obra tenha "implicações no que já estava instalado", nomeadamente as árvores.
A intervenção, ao abrigo do Programa de Modernização das Escolas do Ensino Secundário, orçada em 13 milhões de euros, fará com que o liceu fique com mais salas de aula, uma nova biblioteca, um novo campo de jogos e um novo auditório.
Os 830 alunos, 90 professores e o pessoal não docente aguardam agora que lhes sejam devolvidos os dois terços da escola que estão em obras e que obrigaram a que a maioria das aulas e alguns serviços funcionassem em módulos.
Por aquela escola – que em 1929 recebeu o nome do poeta e pedagogo algarvio João de Deus mas que já teve também a denominação de Liceu Central de Faro – , já passaram alunos como a escritora Lídia Jorge ou o poeta António Ramos Rosa.