
Realizou-se no sábado o primeiro encontro do ano do projeto de cooperação e desenvolvimento Boluka Kua Zua (que significa nascer do sol em português), constituído em 2010 por missionários algarvios com o apoio das irmãs Franciscanas Missionárias de Maria (FMM).
A iniciativa, que teve lugar nas instalações da igreja das Pereiras da paróquia de Quarteira, contou com a presença de 17 pessoas oriundas de Faro, Guia, Lagos, Loulé, Moncarapacho, Portimão, Quarteira, São Brás de Alportel e Vila do Bispo que tinham em comum o desejo de realizar uma missão de voluntariado noutro país, tendo algumas já começado a frequentar estes encontros no ano passado.
A maioria, jovens e também pessoas de mais idade, cuja fase da vida lhes permite agora a disponibilidade necessária para irem em missão, testemunhou que sempre teve essa vontade. Muito poucos são aqueles que vêm através de paróquias, mas a maioria, com pouca ligação à Igreja, aparece porque conheceu o Boluka Kua Zua através de outros elementos que já foram em missão, da sua página do Facebook, da última edição do Festival Jota, das suas exposições missionárias ou de outras iniciativas. O interesse em torno do projeto, que também tem sido acompanhado pelo bispo do Algarve, D. Manuel Quintas, “tem vindo a crescer” e o grupo que lhe está ligado já é constituído por mais de 30 pessoas, explica Sofia Gonçalves ao Folha do Domingo.
Carmem Santos deixou claro que o projeto “nunca irá fechar as portas” a quem tenha o desejo da missão no coração, certeza que foi reforçada ao Folha do Domingo por Sofia Gonçalves. “Gostamos de acolher qualquer pessoa sem preconceito e sem rotular ninguém, todos são bem-vindos”, afirmou, explicando que a pertença ao grupo acaba, muitas vezes, por levar a “novas descobertas”, mesmo para quem já tem algum percurso de caminhada cristã.
O encontro de sábado, que também serviu para esclarecer dúvidas e partilhar dificuldades, teve como objetivo dar a conhecer o Boluka Kua Zua aos novos elementos e também o programa de atividades para este ano aos que já estão ligados a ele. Ana Poupino deu a conhecer o conjunto de missões já realizadas por 14 voluntários em Angola, Moçambique e Portugal no âmbito do projeto, explicando que o mesmo tem como objetivos “colaborar na promoção de comunidades de países em desenvolvimento e de Portugal” e “implementar/apoiar projetos que visem a capacitação e autonomia dos seus agentes/população”. Aquela missionária apresentou ainda a congregação religiosa que apoia o projeto, sublinhando a importância desse apoio por parte das FMM e manifestando a intenção de reforço das experiências de voluntariado em Portugal.

A responsável aludiu à intenção de que os projetos missionários realizados tenham continuidade. Neste sentido destacou a importância de “promover a capacitação das pessoas porque “importante é quem lá está, quem lá fica”. “Essas pessoas é que devem assegurar a continuidade para as coisas não morrerem”, frisou. Explicando que o projeto teve início em 2008 e foi consolidado em 2010, Ana Poupino disse também estarem a ser reunidas as condições para se poder garantir a permanência numa missão. “Neste momento já teremos mais condições porque somos mais e as irmãs também veem toda esta expressão que permite agarrar e dar outro empurrão”, afirmou.
“O ideal seria que pudéssemos centrar-nos mesmo num local de missão. Como a maioria não pode ir por muito tempo e como somos muitos daria para garantir que, pelo menos, naquele local de missão as coisas teriam tudo para dar certo”, sustentou Sofia Gonçalves ao Folha do Domingo.
A reorganização das comunidades das FMM, com o encerramento de algumas, motivado pela diminuição do número de vocações, tem também dificultado o trabalho do Boluka Kua Zua. Este ano, a irmã Maria Hermínia Lopes, que tinha acompanhado o grupo, foi eleita Superiora Provincial da congregação e foi para Lisboa, sendo que, neste momento, ainda não é sabido qual das FMM irá continuar esse acompanhamento. Carmem Santos evidenciou que o facto de ter sido constituído um grupo com um projeto aliado às FMM é uma “situação pioneira” e tem sido também uma “novidade” para as próprias religiosas.

As formações do Boluka Kua Zua para quem queira ir em missão são intercaladas com as promovidas pela FEC – Fundação Fé e Cooperação que ocorrem de dois em dois meses, num total de cerca de cinco ou seis por ano. Neste momento, com a formação concluída, existem quatro algarvios prontos para ir em missão. Os próximos encontros do Boluka Kua Zua realizar-se-ão em locais ainda definir, sendo que o seguinte será no próximo dia 5 de dezembro sobre o tema “Vocação no Voluntariado Missionário”. O terceiro encontro, sobre o tema da educação, será realizado a 23 de janeiro do próximo ano e o quarto, no dia 27 de fevereiro, sobre o tema da cultura. O quinto terá lugar a 2 e 3 de abril sobre “Relações humanas na missão” e o sexto sobre saúde, no dia 14 de maio. Intercaladas realizar-se-ão as formações da FEC nos dias 28 e 29 deste mês sobre “Voluntariado Missionário e Espiritualidade” no Telhal (Sintra), nos dias 9 e 10 de janeiro de 2016 sobre “Cooperação e Desenvolvimento” em Fátima, nos dias 13 e 14 de fevereiro sobre “Missão, Culturas e Religiões” no mesmo local, nos dias 12 e 13 de março sobre “Relações Humanas e Vida em Grupo” em Leiria e no dia 16 de abril sobre “Desenvolvimento humano e dádiva cristã” em Condeixa (Coimbra). A última formação será de caráter prático, de 9 a 12 de junho, realizada numa paróquia do país ainda por definir.