“Tenho a esperança que a comissão de credores aprove esta proposta, mas também tenho a consciência de que a Caixa vai fazer tudo para o impossibilitar”, disse hoje à Lusa o presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP), Manuel Guerreiro.

O plano prevê a reabertura de 27 das 81 lojas da cadeia de supermercados Alisuper já a 1 de julho, e, ao contrário da primeira proposta – que necessitava do financiamento de 5,5 milhões da banca credora e que não mereceu por isso a aprovação da Caixa Geral de Depósitos (CGD) – “é suportada pelos fornecedores”, revelou à Lusa o porta-voz do “Movimento de Fornecedores, Trabalhadores e Senhorios do Grupo Alicoop”, Joaquim Cruz.

“Há um grupo de fornecedores que está empenhado em garantir a entrada de
dinheiro fresco, cerca de 1,6 milhões de euros, nesta fase, com possibilidade de se vir a injetar ainda mais”, explicou.

Para Manuel Guerreiro, trata-se de uma proposta “razoável” e “comercialmente estruturada”, que “garante a manutenção dos postos de trabalho”.

O sindicalista não espera facilidades, pois diz ter “a noção clara de que a Caixa vai para as reuniões para bloquear qualquer solução”.

O presidente do CESP lança, por isso, um ultimato ao banco do Estado: “se mantiver a sua posição, está a criar 500 desempregados diretos e mais outros 500 ou 600 indiretos e, então, só nos irá restar pôr esses trabalhadores dentro da Caixa e exigir que se faça um inquérito rigoroso para se apurar as razões que levaram a Caixa a fazê-lo”, disse o sindicalista.

A reunião da comissão de credores está agendada para as 15 horas, em Lisboa, onde deverão marcar presença os principais credores da cooperativa, como o Millennium BCP, a CGD, a Caixa Agrícola e o BPN, além dos fornecedores e trabalhadores.

O porta-voz da Comissão de Trabalhadores admitiu à Lusa que “o ambiente é de expetativa, uma vez que os colaboradores com contratos suspensos anseiam por que “a situação de impasse, que já dura há vários meses, termine definitivamente com a aprovação do plano”.

O grupo de mais de 150 fornecedores pretende converter em capital social cerca de 17 milhões de euros de créditos sobre o património do grupo em insolvência desde agosto de 2009.

Todos os supermercados da cadeia foram encerrados no início de maio para não agravar a dívida de 80 milhões de euros, uma vez que a comissão de credores não foi capaz de encontrar consenso quanto ao projecto de viabilidade elaborado pela Deloitte. O maior credor, o Millennium BCP, aprovou o plano, mas a Caixa Geral de Depósitos alegou já ter "levado o seu nível de apoio até ao limite".

A derradeira assembleia de credores está agendada para 30 de Junho, pelo Tribunal de Silves.