A reunião geral de trabalhadores foi convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP) com o objetivo de “informar os trabalhadores das propostas apresentadas na última reunião da Comissão de Credores [realizada a 30 de março, em Lisboa]” explicou a estrutura sindical em comunicado.

Para o CESP, essas propostas “vão no sentido de fechar as lojas, retirar a gestão à administração e liquidar as empresas do Grupo”, uma vez que os credores estão a considerar a “venda de algumas lojas”.

Em negociação, estarão, segundo os representantes sindicais e da comissão de trabalhadores, propostas de aquisição de lojas da Alisuper já manifestadas pela GCT, grupo de distribuição sedeado em Palmela – que representa as insígnias retalhistas "MPonto Fresco", "Frescos & C.ª" e a grossista "Elos" – e pelo Grupo Jerónimo Martins.

O CESP entende que, a confirmarem-se estas intenções, “ganham terreno os planos da Caixa Geral de Depósitos, engendrados em 2004, de encerrar e vender o Grupo Alicoop”, quando existe um plano de viabilização “elaborado e sustentado pela Delloitte”.

Segundo José Carlos Parreiro, da Comissão de Trabalhadores, “é preciso pôr os trabalhadores ao corrente destas intenções em relação a um grupo que tem viabilidade e que só não a alcança por teimosia da Caixa Geral de Depósitos”.

A Alicoop – que detém as empresas Alisuper, Macral e Geneco – conta com 81 supermercados Alisuper, 70 no Algarve e 11 em Lisboa, e quase 500 trabalhadores. Encontra-se em insolvência desde agosto de 2009, devido a dívidas acumuladas de cerca de 80 milhões de euros.

O plano de viabilização, que prevê a reconversão da maior cadeia de supermercados do Algarve numa insígnia internacional, tem o aval do maior credor, o Millennium BCP, mas não da Caixa Geral de Depósitos (CGD).

O banco do Estado tem-se mostrado indisponível para garantir mais 1,2 milhões de euros de financiamento ao grupo, argumentando, segundo fonte oficial contactada pela Lusa, já ter “levado o seu nível de apoio até ao limite”.

Desde o início do mês de março, a maior cadeia de supermercados do Algarve está reduzida a 16 lojas e a 56 funcionários, para conter a dívida, enquanto os credores não chegam a acordo quanto ao plano de viabilização.

Trezentos e oitenta funcionários estão, desde a mesma data, com os contratos suspensos, mas José António Silva, presidente do Grupo Alicoop/Alisuper e também da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), adiantou à Lusa que o número pode vir a aumentar.

“A manter-se o impasse, podemos ficar sem condições para manter as 16 lojas abertas e garantir a remuneração dos 56 funcionários”, disse à Lusa.

Lusa