Gosto de fazer programas sozinha. São daqueles quanto baste, mas são, existem e preciso muito deles. Gosto da minha companhia e sempre precisei de “bolsas” de tempo só para mim, para aqueles focos de descompressão que todos têm e eu também e que nos fazem estar a sós connosco, numa companhia da qual temos de aprender a gostar. E eu gosto.

Isso não retira o gosto por programas a dois, necessários, imperiosos às vezes e absolutamente prioritários, embora adaptados às várias fases e solicitações que a vida vai tendo. Carregam baterias, centram as “lentes”, favorecem o namoro, essa tal coisa que, entre outras, nunca deve deixar de existir num casal…

E depois há os programas a cinco. Do núcleo duro cá de casa.

Os meus três filhos estão numa idade quase adulta. Digo quase, como se esta palavra QUASE justificasse o facto de ainda dependerem economicamente dos Pais e não serem, por isso, adultos em pleno.

Têm as suas vidas, gerem os seus percursos, autonomizam-se nas escolhas que vão fazendo e vão trilhando rumos que são seus, nos quais participamos e participaremos, presumo, mas já numa certa retaguarda, de consolo e segurança, mas lá atrás.

Nestes programas a cinco sempre lhes notámos gosto em participar, desde pequenos, fazendo com que aquele-bulício-agitado-e-barulhento-de-tanta-gente-junta já fizesse parte de um ADN, a que foram e estão habituados.

Quando estamos os cinco juntos e lhes noto esse gosto, esse querer agregar com agrado, também outros que trazem consigo, esse bem-estar, esse bulício frenético e um pouco louco das famílias (mais) numerosas, fico orgulhosa, sinto-me grata. E lembro-me de um comentário que uma amiga me fez recentemente: “Divirtam-se muito. Principalmente porque estão juntos, depois vem o resto…”

É mesmo verdade. Quando li este comentário dela, pensei logo noutra frase de uma música que ouvi por estes dias… “ligths will guide you home” (*).

Não podia ser mais certeiro. Tudo caberá na vida de cada um: os ritmos individuais, as escolhas pessoais, as pessoas que a nós se juntam, os silêncios, o bulício, as diferentes fases; mas quero crer que a força, o brilho, aquele-não-sei-o-quê de luz que há em cada família (e na minha também), trará todos para casa. Sempre.

*Música FIX YOU, dos Coldplay, uma banda de rock, inglesa, fundada em 1996.