Arrancaram no último fim de semana as comemorações dos 50 anos de fundação do Carmelo de Nossa Senhora Rainha do Mundo que se celebrarão a 13 de julho de 2026.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

No sábado à noite foi feita no próprio convento das irmãs Carmelitas Descalças no Patacão, no concelho de Faro, a apresentação e abertura do programa das comemorações jubilares que se estenderão durante um ano.

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O provincial da Ordem dos Carmelitas Descalços em Portugal começou por lembrar ter sido por convite do bispo do Algarve da altura, D. Florentino de Andrade e Silva, que as religiosas de clausura, “tendo como capitã a Maria do Carmo de São João da Cruz”, “movidas pelo espírito do Senhor e pela aventura fundacional de Santa Teresa de Jesus, deixaram o pombalito do Porto para vir abrir aqui em terras dos Algarves este pombalito do Patacão”. “Nesta terra acolhedora, as nossas irmãs carmelitas têm testemunhado uma vida de solidão e oração, de silêncio e de escuta, de recolhimento e contemplação, oferecendo-se em todas as horas do dia pela nossa santificação e a de toda a Igreja, levando-nos a conhecer de forma experiencial a alegria teresiana e a espiritualidade dos santos do Carmelo, grandes buscadores e profetas de Deus”, desenvolveu o padre Vasco Nuno da Costa.

O sacerdote acrescentou que a comunidade carmelita algarvia “se foi esforçando por servir e amar em plenitude, por ser simples na humildade, serva de Deus e dos homens, pronta na obediência em contínuo sim, exultante nas tribulações e no louvor, cantante das maravilhas que Deus realizou nela e nesta diocese”. “Obrigado pelo perfume que há 50 anos derramais sobre o vosso bispo e sobre toda a Igreja diocesana do Algarve. Obrigado pelo perfume da vossa oração, do vosso serviço e da vossa entrega generosa ao Senhor. Sim, eu confirmo: sois mulheres perfumadas pelas gentis virtudes de Nossa Senhora e pelos dons do Espírito Santo. Queridas irmãs carmelitas, rainhas perfumadas, muito obrigado por jamais murchardes em vosso perfume de fidelidade a Cristo. Que este feliz Ano Jubilar, que hoje iniciamos, nos traga muito perfume e vos mantenha alegres e perfumadas e vos enriqueça com novas vocações para o delicado serviço da Igreja de Jesus Cristo e para o louvor da glória do nosso Deus”, concluiu o provincial.

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A noite prosseguiu com a apresentação da história da fundação apresentada pela madre do Carmelo algarvio, explicando o objetivo deste ano que agora se inicia: “dar graças por Maria à Santíssima Trindade por tudo o que aconteceu nestes 50 anos; pela vida das nossas queridas irmãs fundadoras por tudo o que fizeram pela comunidade, pela Igreja, pela Ordem e, em especial, pela nossa diocese”.

A irmã Maria de Lurdes explicou que, para a fundação do Carmelo no Algarve, à vontade de D. Florentino de Andrade e Silva, que “tinha muita dedicação e amizade com as irmãs” que conhecera durante a sua passagem pelo Porto, se juntou a da “madame Godfroy, uma senhora holandesa que tinha uma casa em Santa Bárbara de Nexe”.

As religiosas vieram então para a diocese a 13 de julho de 1976, tendo sido acolhidas em Faro nas dependências anexas à igreja de Nossa Senhora do Carmo. “Aí fizeram a sua morada durante quatro anos até este Carmelo se construir”, contou a irmã Maria de Lurdes, lembrando que algumas das religiosas “vinham de Faro para aqui trabalhar ao lado dos operários nos alicerces” e que só a 15 de outubro de 1980, aquele mosteiro foi inaugurado e benzido pelo antigo bispo do Algarve, D. Ernesto Costa, que também sagrou o altar da sua capela.

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A noite prosseguiu com a intervenção da mais nova irmã daquele Carmelo que explicou como é ali vivido um dia pelas Carmelitas Descalças. “A nossa missão aqui nesta diocese é a oração”, sintetizou a irmã Júlia Maria do Menino Jesus, explicando que no centro de cada dia está a Eucaristia.

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A apresentação concluiu-se com o concerto mariano levado a cabo pelo coro de câmara da Sé de Faro, ‘Cantate Domino’ que interpretou os temas ‘Cantate Domino’ (Herminio Barrionuevo), ‘Avé Maria Gregoriano’, ‘Avé Maria’ (Jacob Arcadelt), ‘Dixit Maria’ (Hans Leo Hassler), ‘Magnificat’ (B. Terreiro), ‘Adeste Fidelis’, ‘Ave Verum Corpus’ (Wolfgang Amadeus Mozart), ‘Tenebrae factae sunt’ (David Perez), ‘Crux Fidelis’ (D. João IV); ‘Stabat Mater’ (Zoltán Kodály), ‘Ó Sanctíssima’ (melodia siciliana) e ‘Regina Caeli’ (Dom Pedro de Cristo).

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No domingo, a Eucaristia foi presidida ao final da manhã na capela daquele mosteiro pelo bispo do Algarve. D. Manuel Quintas desejou que o jubileu de fundação daquele Carmelo seja “um ano de ação de graças, de oração, de louvor por todos os dons recebidos e partilhados ao longo destes 50 anos”.

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O bispo diocesano, que disse usufruir da oração daquele Carmelo desde que veio há 25 anos servir a diocese, acrescentou estar “mesmo convicto”, de que as Carmelitas Descalças “contribuíram muito” para as ordenações dos últimos 25 anos na diocese, “pela sua oração personalizada” pelos seminaristas e jovens padres. “Este Jubileu ajuda-nos também a reconhecer a importância da oração como meio de crescimento na resposta e na fidelidade aos apelos de Deus”, inferiu.

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“Seria bom que intensificássemos mais os tempos e, sobretudo, a qualidade da nossa oração, unido-nos assim a esta comunidade do Carmelo neste Ano Jubilar”, afirmou, explicando tratar-se de um ano de “ação de graças à Santíssima Trindade e à Santíssima Virgem Maria, Rainha do Carmelo e do Mundo, a quem o Carmelo está dedicado, por todos os dons recebidos e partilhados ao longo destes 50 anos, tendo presente cada uma das irmãs que fizeram parte desta comunidade, bem como os benfeitores, vivos e defuntos, verdadeiros instrumentos da bondade divina, com os quais Deus escreveu esta bonita história”.

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O responsável diocesano acrescentou tratar-se de um “ano de revitalização da consagração e da espiritualidade carmelita” e de um “ano vocacional” para “partilha do carisma, da espiritualidade carmelita e do testemunho da vida e da missão das filhas de Santa Teresa e São João da Cruz”, “com uma especial orientação para os jovens, interpelando, estimulando, motivando e contagiando com a consagração da vida toda a Deus”. “Portanto, um ano para crescermos todos, como diocese, em fraternidade e em comunhão com estas nossas queridas irmãs Carmelitas Descalças da Virgem Maria, Rainha do Mundo”, prosseguiu, lembrando ser “importante” que este ano “ajude a todos a crescer ainda mais no apreço pela vida consagrada”. “Celebrar um Jubileu, como este, é efetivamente dar graças, pelo dom desta vocação”, concluiu, pedindo que todos assumam o programa jubilar da fundação do Carmelo algarvio de modo a beneficiarem dos seus frutos.

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A Eucaristia de ontem foi concelebrada ainda pelos padres Vasco Nuno da Costa, António Moutinho, capelão daquele Carmelo, e Tiago Pereira, presidente do Secretariado Regional do Algarve da Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP). Participaram ainda na abertura do jubileu da fundação do Carmelo algarvio membros da Ordem Secular Carmelita Descalça de Faro e Tavira e da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Monte do Carmo de Faro, bem como o presidente da Câmara de Faro, Rogério Bacalhau.

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A programação já divulgada das bodas de ouro de fundação do Carmelo de Faro, para além de Eucaristias, incluirá conferências, concertos, entre outras iniciativas com diversos convidados.

Carmelo algarvio inicia programa de comemoração dos 50 anos de fundação