
O bispo do Algarve considera que o Lausperene (adoração permanente ao Santíssimo Sacramento), que a Igreja Católica algarvia promove desde 2004, tem sido a iniciativa “mais eficaz para criar na diocese a sensibilidade pela oração pelas vocações”.
“Não encontrei outra iniciativa que tenha sensibilizado mais do que esta a nossa diocese e as nossas comunidades cristãs. E às vezes, nós pensamos que perdemos tempo a rezar porque não vemos logo à saída da igreja o fruto da nossa oração”, afirmou D. Manuel Quintas, que presidiu no último sábado à noite, na igreja matriz de Quarteira à eucaristia que deu início àquela cadeia de oração ininterrupta ao Santíssimo Sacramento que se prolonga, 24 horas por dia, até dia 15 deste mês, lembrando que “Deus atua no silêncio dos corações, de tantas maneiras e modos”.
“Atribuo mesmo, com espírito de fé e de certeza, que os padres novos e os seminaristas que temos nestes últimos anos são dom de uma Igreja unida nesta cadeia de oração”, acrescentou, o prelado, que disse ainda que o Lausperene diocesano tem ajudado os cristãos também a “crescer no apreço pelo Seminário”.
D. Manuel Quintas, que destacou que “a vocação é dom de Deus” e não “conquista humana”, considerou, por isso, que os cristãos fazem “muito bem” em pedi-lo e sustentou que “não basta ter o curso de Teologia para já exigir ser ordenado sacerdote ou diácono”. “É um dom que, certamente, Deus dá a muitos, (…) só que uma grande parte não descobre esse dom, nem encontra em si e à sua volta as condições para se aperceber dele e para lhe corresponder”, lamentou. “Não nos contentemos em pedir este dom, mas disponibilizemo-nos também para ser mediadores de Deus no apoio a ele e em criar as condições para que ele se desenvolva”, pediu, lembrando que a “razão de ser do Seminário é formar a muitos níveis – humano, intelectual, espiritual e pastoral – aqueles que se sentem chamados a este dom e lhe querem corresponder”.
Neste sentido, o bispo do Algarve disse ainda que o Seminário deveria ser uma “extensão” da “casa e família” de cada cristão. “O Seminário devia fazer parte da vida de todos. Devíamos considerar o Seminário como algo que é nosso também. É o viveiro, é dali que vêm aqueles que servem as nossas comunidades paroquiais. Por isso, não podemos considerá-lo como algo que não nos diz nada ou que apenas diz respeito ao bispo e à equipa que está lá”, advertiu, lembrando o apelo às paróquias “para que colaborem materialmente” com a instituição.
D. Manuel Quintas considerou, igualmente, que “uma vocação é, essencialmente, uma história de amor”. “Deus chama porque ama. E responde-se ao chamamento de Deus porque se quer corresponder a esse amor”, sustentou, citando Saint-Exupéry: “o essencial é invisível aos olhos”. “Só coração é que vê o essencial”, complementou, exortando ao “olhar com o coração”. “Quanto mais nos deixarmos amar por Deus e nos empenharmos em corresponder a esse amor – também explicitado na oração e, sobretudo, na vida do dia a dia, na caridade – mais força ganhará a nossa oração ao Senhor da messe para que mande trabalhadores para a sua messe”, defendeu.
O bispo do Algarve, que lamentou haver muita gente “que tem medo de responder porque pensa que tem de ser especial e ter méritos para isso”, explicou que o dom da vocação ao sacerdócio é o próprio Cristo que “quer estar presente na pessoa daquele que é chamado e vocacionado para que ele seja (…) sinal da sua presença” e possa “distribuir os dons” que Cristo tem para todos, nomeadamente os do perdão, da misericórdia, da reconciliação.
D. Manuel Quintas desejou ainda que a participação no Lausperene possa ser para os cristãos algarvios um “apelo” a viverem a “dimensão do amor e da caridade”.
No sábado à noite, depois da eucaristia participada pelos seminaristas algarvios e por muito outros jovens, seguiu-se uma vigília de oração até à meia-noite que teve continuidade com a adoração eucarística segundo o programa divulgado pela Diocese do Algarve no seu site e que prevê um itinerário distribuído pelas vigararias de Loulé, Portimão, Tavira e Faro.
O Lausperene decorre no âmbito da Semana dos Seminários que se realiza a nível nacional de 10 a 17 deste mês. Promovida pela equipa formadora do Seminário de Faro, que esteve presente em Quarteira, a iniciativa está a mobilizar toda a Igreja algarvia. Assegurado pelas paróquias que constituem as quatro vigararias, pelas comunidades, congregações, grupos e movimentos católicos da diocese algarvia, o Lausperene tem como objetivo pedir a Deus vocações de consagração, tanto no sacerdócio, como na vida religiosa ou nos institutos seculares.
Depois de passar pelas várias comunidades paroquiais da diocese, a cadeia de oração terminará com uma celebração na igreja paroquial da Conceição de Faro, pelas 21h.