O bispo do Algarve pediu aos centros sociais paroquiais que não percam a sua identidade cristã, considerando que “quanto mais a identidade destas instituições for forte, maior será a resposta e a sua eficácia”.

“Esta identidade é que dá força, estatuto e faz a diferença”, afirmou D. Manuel Quintas que falava no encontro que reuniu aquelas instituições da Igreja algarvia em Santa Bárbara de Nexe, na passada terça-feira (30 de outubro), considerando que esta identidade deve estar “bem patente na inspiração dos seus objetivos, na escolha dos seus recursos humanos, nos métodos de atuação, na qualidade dos seus serviços e na gestão séria e eficaz dos seus meios”.

O prelado defendeu que “estas instituições não podem perder a sua caraterística, nem confundir-se com tantas outras”. “Se os objetivos são os mesmos, o modo como se concretiza a ajuda deve ter uma especificidade e identidade própria”, salientou o prelado, que pediu “autonomia e independência da política e das ideologias, ainda que em cooperação com organismos do Estado para atingir fins comuns”. “Cooperação, sim. Complementaridade, sim. Mas dependência, de modo a perder esta identidade, não. Seria uma negação daquilo que consideramos um dever e missão da Igreja, de ir ao encontro dos mais necessitados”, alertou o bispo do Algarve.

Aos jornalistas, D. Manuel Quintas lembrou que é a Igreja que ajuda o Estado. “Corre um pouco a ideia de que é o Estado que ajuda a Igreja, mas nós [Igreja] é que estamos a ajudar o Estado e a substituir-nos àquela que é uma obrigação do Estado”, afirmou.

O bispo do Algarve apelou igualmente ao cuidado na ação espiritual dos centros paroquiais. “Lutemos de modo a não esvaziarmos a nossa ação espiritual”, pediu naquele encontro, promovido pela Pastoral Social da Igreja algarvia e que serviu para conhecer a realidade daquelas instituições e encontrar caminhos de resposta à crise, apelando à “conjugação de respostas e inspiração para elas na Doutrina Social da Igreja”.

D. Manuel Quintas reconheceu o “momento particularmente difícil que estamos a viver, carregado de apreensões em relação ao presente e ao futuro”, lembrando que “a consequência que mais interpela é o aumento crescente do desemprego e as consequências que daí advêm”. “Começamos a ver gente que, olhando o futuro, fica com alguma desorientação”, constatou, apelando a que se contrarie “o mais possível” esta “onda de falta de esperança”. O prelado exortou os centros paroquiais à “paixão pelo outro” e a serem “semeadores de esperança”.

O bispo diocesano agradeceu “por todo o serviço” que estas instituições prestam no Algarve e lembrou que as “pessoas que estão à frente dos centros paroquiais, a maioria leigos [entenda-se, não clérigos], não são pessoas desanimadas nem desencorajadas”, mas “pessoas voluntariosas e generosas que revelam capacidade de ultrapassar as dificuldades com que se vão deparando”. “São técnicos, bem formados, que se dão de alma e coração, não só do ponto de vista profissional, mas quase vendo nisso uma vocação e realização batismal”, acrescentou.

D. Manuel Quintas alertou que este serviço da Igreja é agora “ainda mais preciso e vai ser ainda mais”. “Não podem ser as dificuldades nem as consequências da crise que nos vão desanimar e diminuir o nosso empenho em servir mais e melhor”, concluiu, desejando que aquele encontro tenha servido para ganhar uma “força nova” para “minorar o sofrimento de tanta gente”.

O encontro de terça-feira, para além dos 52 dirigentes de 13 instituições, contou com a presença da nova equipa do recém-reestruturado Secretariado da Pastoral Sóciocaritativa, cujo presidente é Carlos de Oliveira e que tem como assistente o padre Joel Teixeira, também responsável pelo Departamento da Pastoral Social da Igreja algarvia.

Samuel Mendonça