
Nesta noite, em que presidiu na Sé de Faro à Missa da Ceia do Senhor, o bispo do Algarve destacou os três mandamentos deixados por Jesus na Última Ceia: o “mandamento do amor” – «amai-vos como eu vos amei» -, o “mandamento do serviço” – «como eu vos fiz, fazei vós também» – e o “mandamento eucarístico” – «fazei isto em memória de mim».
D. Manuel Quintas lembrou que, “de certa maneira”, os três “estão explícitos na eucaristia”, instituída por Cristo. “A eucaristia é para nós apelo e lição a vivermos, a correspondermos a este mandato de Jesus”, afirmou.
Sobre o “mandamento do amor”, o prelado disse ser a “síntese da mensagem” que Cristo deixou. “Normalmente acentuamos o amor, mas devemos acentuar também o como”, afirmou, realçando que Jesus se apresenta como “modelo de amor” e que, por isso, os cristãos devem ser “parecidos com Jesus no seu modo de amar”.
Acerca do “mandamento do serviço”, o bispo do Algarve lembrou que “o amor, quando tem como base uma fé viva, predispõe para o serviço”. “É próprio de quem ama de verdade pôr-se ao serviço do outro”, afirmou, lembrando que “a caridade”, ou seja, “o serviço é a fé em movimento”. “Jesus diz-nos que quem ama de verdade está ao serviço dos outros”, complementou, acrescentando que “o amor é sempre algo que obriga a uma purificação interior”. “Portanto, o serviço começa também dentro de nós”, observou.
Relativamente ao “mandamento eucarístico”, D. Manuel Quintas recordou ser aquele que permite continuar a ter Jesus. “É, de facto, um mandamento que nos permite, sempre que o cumprimos, ter Jesus presente no meio de nós na eucaristia”, afirmou. “É também esta noite em que celebramos e agradecemos este dom, em que devemos também sentirmos envolvidos e impelidos a saborear, a apreciar, a nos prepararmos sempre para acolher da melhor maneira este dom, fazendo na nossa vida uma vida eucarística”, prosseguiu, explicando ser “uma vida oferecida como eucaristia”. Neste sentido acrescentou que o pão recebido na eucaristia faz que quem o toma passe a ser “pão repartido com os outros”, ou seja, procure “tornar presente Jesus” nos seus gestos.
O bispo diocesano observou assim que o gesto do «lava-pés», que uma vez mais repetiu, “é tornar visível esta dimensão do serviço, da entrega aos outros”.
O bispo do Algarve lembrou que aquela celebração iniciou o Tríduo Pascal. “Aquilo que a Igreja é e aquilo que anuncia inspira-se e converge para os mistérios da vida de Cristo que celebramos nestes dias de tríduo”, afirmou, lembrando que a Missa da Ceia do Senhor faz também memória da instituição da eucaristia e da instituição do sacerdócio ministerial, acrescentando que este “é o sacramento do serviço, da doação e entrega aos outros à semelhança de Cristo”.
A Missa Vespertina da Ceia do Senhor introduz na celebração do Tríduo Pascal, considerado o coração do ano litúrgico, o tempo particularmente significativo para toda a Igreja e para cada cristão pela celebração dos mistérios fundamentais da sua fé: a instituição da eucaristia e do sacerdócio, a paixão, morte e ressurreição de Jesus.
Como é hábito, no final da celebração o Santíssimo Sacramento foi levado em procissão e colocado em lugar de destaque no interior da catedral para veneração e adoração dos fiéis por só se voltar a celebrar a eucaristia na Vigília Pascal de Sábado Santo.
No dia de hoje, Sexta-feira Santa, aliturgico por ser o único do ano em que a Igreja não celebra a Eucaristia mas a paixão e morte de Jesus Cristo, imperam o silêncio, o jejum e a oração.
A celebração da tarde, centrada na adoração da cruz, nas igrejas com os altares desnudados desde a noite de Quinta-feira Santa, é uma espécie de drama em três atos: proclamação da Palavra de Deus, apresentação e adoração da cruz, comunhão eucarística.
À noite será realizada a Procissão do Enterro do Senhor. A mais significativa do Algarve decorrerá em Faro pelas 21h, presidida pelo bispo do Algarve, a partir da igreja da Misericórdia, percorrendo as principais ruas da baixa da capital algarvia.
Homilia da Missa da Ceia do Senhor:
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