© Samuel Mendonça
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O bispo do Algarve frisou que celebrar a quadra natalícia é “renascer, cada ano, no dom de si mesmo para os outros”, ou seja, “traduzir em gestos e atitudes a fé no mistério da encarnação”, procurando “tornar presente, em cada dia do ano, a verdade do Natal”.

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“A liturgia deste dia indica-nos que celebrar o Natal consiste, prioritariamente, em acolher na fé o mistério de um Deus que assume a nossa condição humana, faz-se pessoa e partilha a nossa vida, com as suas alegrias e esperanças, os seus sofrimentos e desencantos, um Deus que se sujeita à própria morte”, começou por lembrar D. Manuel Quintas na missa da solenidade do Natal (áudio da homilia abaixo), a que presidiu na quinta-feira na Sé de Faro, acrescentando que quem acolhe “na fé e no amor” a Jesus-menino estabelece “uma nova relação com Deus, que ensina a tratar como Pai, e com os outros, que ensina a tratar como irmãos”.

Retomando a ideia deixada na sua mensagem deste ano, o prelado reforçou que celebrar o Natal é “contemplar” e “dar continuidade” ao movimento de “Deus em saída” para humanidade, “que, em Cristo, «monta a sua tenda»” entre os homens. “Deus passa da palavra à realidade, assume um rosto e uma identidade humana que pode ser visto, contemplado, tocado. É Jesus Cristo, filho de Deus, eterno e infinito, mas também homem mortal que nasceu numa época histórica datável, pertencente a um país, membro de um povo com uma língua e uma cultura próprias, palavra em movimento, itinerante, que percorre cidades e aldeias, que anuncia a Boa Nova do reino, que cura de toda a espécie de enfermidades, que liberta de todas as cadeias que oprimem e desumanizam”, sustentou.

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Voltando a citar a sua mensagem de Natal, D. Manuel Quintas explicou que “dar continuidade” ao “movimento de Deus para a humanidade”, concretiza-se na “resposta permanente da Igreja em cada um dos seus membros, resposta ao «ide e anunciai o evangelho», que engloba todos os cenários e desafios duma «saída» missionária, assumida por cada cristão e cada comunidade, no discernimento do caminho a que Deus convida, sabendo que todos, sem exceção, são chamados a «sair da própria zona de conforto para chegar a todas as periferias que precisam da luz do Evangelho»”.

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“O movimento de Deus para o homem, que o Natal celebra na sua forma mais plena com a encarnação do filho de Deus, deve continuar na vida e no testemunho pessoal de cada cristão e de cada comunidade eclesial”, completou, lembrando que “os verbos indicados pelo Papa Francisco para definir e caraterizar uma Igreja e um cristão em saída – «primeirar», envolver-se, abaixar-se, acompanhar, frutificar, festejar – são profundamente natalícios na medida em que indicam este movimento de um Deus em saída que assume, no Deus-menino, a fragilidade da humanidade”.

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“Que a celebração deste Natal nos permita entender e assimilar sempre mais a lição de um Deus que nos ama como filhos e que, para no-lo provar, assume a nossa condição humana. Lição que, como nos disse Jesus, deve encontrar aplicação na nossa vida e à nossa volta. Que no próximo ano, que vamos iniciar, Cristo possa encontrar o lugar que lhe é devido na nossa vida, família e projetos e, através de nós, no mundo de hoje. Ele veio e continua a vir para mudar a nossa vida. Com Ele assumamos a decisão de que podemos e queremos tornar-nos um pouco melhor do que somos”, desejou o bispo do Algarve.

Homilia de D. Manuel Quintas: