
O bispo do Algarve associou-se ontem à iniciativa nacional “Somos todos pessoas” e lembrou o “drama” dos imigrantes que têm falecido no Mediterrâneo.
D. Manuel Quintas considerou ser preciso “abrir caminhos para resolver esta situação, tendo presente sempre a defesa das pessoas e a procura da sua dignidade”.
“Fomos convidados, como diocese, a nos unirmos e a termos presente hoje, nas nossas eucaristias, todas as vítimas no mar mediterrâneo”, afirmou na celebração eucarística dos 25 anos do Centro Paroquial de Cachopo, a que presidiu na igreja daquela aldeia da Serra do Caldeirão.
Na sexta-feira, o prelado tinha pedido aos sacerdotes e diáconos algarvios que aderissem à iniciativa de “indignação”, proposta por várias organizações católicas, com o apoio da Conferência Episcopal Portuguesa que convidou todas as pessoas a usarem ontem uma peça de roupa branca ou a colocarem nas suas janelas um pano branco, como sinal de protesto e de luto.
“Temos todos os mesmos direitos, o direito à mesma dignidade, a procurar uma situação melhor para a nossa vida. Vamos ter presente esta intensão para que passemos todos das boas palavras aos bons atos. Não podemos ficar apenas a lamentar e a chorar os mortos. Temos é que arregaçar as mangas, sobretudo aqueles que têm o poder e a autoridade e podem abrir caminhos para resolver esta situação, tendo presente sempre a defesa das pessoas e a procura da sua dignidade”, afirmou D. Manuel Quintas, pedindo aos cristãos que fiquem “alertados e despertos” para o problema e para o “movimento que se está a gerar” em torno dele.
O bispo do Algarve advertiu que a corresponsabilidade com os outros se aplica também aos que estão longe. “O amor, a caridade, o perdão, a compreensão, a partilha, a paciência, o apoio mútuo começa com aqueles que estão ao nosso lado, mas não é apenas com esses. É com todos”, afirmou, lembrando que desde janeiro já morreram 1500 pessoas no Mediterrâneo.
Em todas as eucaristias ontem celebradas ontem em Portugal foi ainda incluída uma prece no momento da Oração dos Fiéis: “Para que saibamos pôr fim ao drama do Mediterrâneo, lutando contra a indiferença e denunciando as injustiças, no cuidado com todos os que buscam melhores condições de vida e na atenção à dignidade humana de cada um dos nossos irmãos e irmãs, oremos”.
A iniciativa “Somos todos pessoas”, que nas redes sociais foi assinalada com o marcador (hashtag) ‘#somostodospessoas’, contou com a participação da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, da Cáritas Portuguesa, da Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP), da Comissão Nacional Justiça e Paz, Comissão Nacional Justiça, Paz e Ecologia dos Religiosos e do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil.
Destaque ainda para o apoio da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre, da Obra Católica Portuguesa de Migrações, da Agência Ecclesia e da Rádio Renascença, do Serviço Jesuíta aos Refugiados e da Sociedade de São Vicente de Paulo.
com Ecclesia