Foto © EPA/Olivier Hoslet
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A comunidade britânica residente no Algarve afirma que “ainda não sentiu os efeitos” do resultado do ‘Brexit’ e acredita que a saída do Reino Unido da União Europeia não terá influência na sua vida em Portugal.

Há uma semana, os eleitores britânicos decidiram em referendo que o Reino Unido vai sair da União Europeia, depois de o ‘Brexit’ ter conquistado 51,9 por cento dos votos.

James Goodwing, britânico a viver há 12 anos em Alvor, contou à Lusa que a “decisão imoral e precipitada de alguns britânicos, não afetou a sua vida em Portugal.

“Até agora ainda não senti o efeito ‘Brexit’, até porque, antes do referendo transferi para Portugal algum dinheiro que tinha no Reino Unido e assim evitar os efeitos da desvalorização da libra”, confidenciou.

Goodwing assegurou à Lusa que “muitos cidadãos britânicos fizeram o mesmo, antecipando um cenário que, à partida, seria inevitável [vitória do ‘Brexit’ e a desvalorização da libra], devido às sondagens”.

“Não foram só os [britânicos] que vivem fora, mas também alguns que residem no Reino Unido se anteciparam e colocaram valores noutros países europeus”, destacou.

Na opinião de James Goodwing, a saída do Reino Unido da União Europeia “irá, certamente, ter consequências catastróficas internamente, com o aumento de taxas e impostos e a redução de rendimento e quebra no poder de compra”.

Goodwing condenou e lamentou que os seus conterrâneos estejam a ter atitudes xenófobas com outros cidadãos europeus que vivem e trabalham no Reino Unido.

“Tenho vergonha e lamento, que cidadãos britânicos tenham atitudes inqualificáveis para com pessoas que fazem a sua vida no Reino Unido, país que escolheram para viver com as suas famílias. É inadmissível”, sublinhou.

Por seu lado, Theo Mason contou à Lusa: “depois do choque inicial, acreditamos que o ‘Brexit’ não terá muitas consequências para quem vive em Portugal, a não ser em termos económicos, pela desvalorização da libra”.

Proprietário de uma loja de artesanato em Portimão, Theo Mason, a viver e a trabalhar há mais de 30 anos no Algarve, perspetiva que as grandes dificuldades “irão colocar-se mais ao nível interno, com a saída do Reino Unido de empresas e grupos, provocando um abalo na economia com a redução do rendimento e o aumento dos produtos de consumo e impostos”.

“Para quem vive e trabalha no Reino Unido, sim, a vida não vai ser fácil, mas para quem está fora, penso que o impacto não será significativo, a não ser quebras dos rendimentos para os cidadãos britânicos cujas reformas são pagas em libras”, destacou.

Segundo Mason, depois do choque inicial provocado pelo resultado do ‘Brexit’, a comunidade britânica do Algarve “mantém-se expectante, mas tranquila”, sobre as consequências da saída da União Europeia.

“Não sabemos quais as implicações da decisão, mas não acredito que os países da Europa exerçam alguma forma de pressão sobre os cidadãos britânicos, nem causem problemas à sua permanência nos territórios”, sublinhou.

Por seu turno, o britânico Charles Backeer, engenheiro reformado, que há sete anos escolheu o Algarve para viver, disse à Lusa que continua a acreditar que “a situação possa ser revertida e que o Reino Unido continue na União Europeia”.

“Se assim não for, perspetivo uma grande crise económica interna, que pode originar a saída em massa da população para outros países da Europa”, destacou.

Para Backeer, a incerteza sobre o futuro interno do Reino Unido é grande, mas acredita que “não afetará, certamente, a vida dos que estão fora das fronteiras britânicas”.

“Acredito que os países europeus não vão expulsar nem criar dificuldades aos residentes britânicos”, concluiu.