A Câmara de Faro aprovou uma moção na qual contesta o calendário do programa Pólis que dá prioridade à demolição de casas nas ilhas barreira em detrimento dos acessos à praia de Faro e às dragagens na Ria Formosa.
“As prioridades estão completamente invertidas”, disse à Lusa o presidente da Câmara Municipal de Faro, Rogério Bacalhau, defendendo que em primeiro lugar no plano estratégico do Polis deveriam estar as dragagens na Ria Formosa e os acessos à praia de Faro.
A reação da autarquia da capital do Algarve surge na sequência da publicação das empreitadas de intervenção de requalificação na ilha da Culatra – Núcleo do Farol Nascente e no Núcleo dos Hangares publicados, em Diário da República, a 22 e 28 de outubro.
A moção foi aprovada por unanimidade pelos vereadores da coligação PSD/CDS, do PS da CDU na reunião de Câmara que decorreu a 31 de outubro e é, segundo Rogério Bacalhau uma forma de chamar novamente a atenção do Ministério do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia.
Na moção, o executivo diz ter dado a conhecer às entidades competentes do conjunto de obras que considerava de maior relevância para o concelho já em 2008 e sublinha que as demolições de casas previstas não estão em perigo porque se encontram em áreas não sujeitas à ação direta do mar.
O núcleo dos Hangares está previsto ser demolido na sua totalidade, ou seja, 159 edifícios (dois de primeira habitação) e no núcleo do Farol as habitações localizadas na área anteriormente gerida pelo antigo Instituto Portuário e de Transportes Marítimos vão manter-se e as restantes 217 casas (duas de primeira habitação) estão na lista de casas a demolir.
Rogério Bacalhau lembrou que em fevereiro deste ano se reuniu com o ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia onde voltou a vincar as obras que tinham maior urgência.
O Programa Polis Litoral foi criado em 2008 com vista à criação de uma política integrada e coordenada para as zonas costeiras e originou um plano de operações de requalificação e valorização de zonas de risco e de áreas naturais degradadas situadas no litoral, lê-se no sítio eletrónico oficial.
A Ria Formosa foi abrangida por este programa, tendo desde 2008 vindo a ser desenvolvidos vários projetos, obras e planos de intervenção, entre os quais vários planos de demolições de casas edificadas nas ilhas e que albergam comunidades piscatórias.