Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

A comunidade algarvia das Carmelitas Descalças tinha anunciado que os “Encontros no Silêncio”, iniciados há quase um ano para jovens, passariam a realizar-se nas primeiras sextas-feiras de cada mês e que o deste mês seria constituído por uma vigília orante com Santa Teresinha do Menino Jesus, padroeira das missões.

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O convite das irmãs carmelitas foi aceite por 16 jovens e por alguns adultos que também quiseram estar presentes na última sexta-feira na vigília de oração na capela do Carmelo do Patacão, no concelho de Faro.

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Marcada pelo ambiente orante com cânticos de textos de Santa Teresinha, musicados pelo padre João Rêgo e interpretados à guitarra por ele mesmo, a vigília foi presidida pelo Carmelita Descalço, músico também de melodias simples, letras e interpretações intimistas que procuram conduzir quem as ouve a um clima de recolhimento, reflexão e oração.

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A vigília, igualmente marcada pelo tempo de adoração ao Santíssimo Sacramento e de silêncio para meditação “na vida e na missão que cada um tem”, foi assim participada pela família dos Carmelitas Descalços, presente nas suas três expressões: as irmãs de vida exclusivamente contemplativa, os padres na pessoa do padre João Rêgo e os leigos Carmelitas Seculares que também se fizeram representar. Presente esteve também o bispo do Algarve, D. Manuel Quintas.

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A comunidade das irmãs carmelitas tinha anunciado que a iniciativa, que teve como ponto de partida a mensagem do papa Francisco para o Dia Mundial das Missões deste ano, especialmente dedicada aos jovens, se realizaria “em perfeita sintonia” com o Ano Missionário convocado pela Conferência Episcopal Portuguesa, de outubro de 2018 a outubro de 2019, depois de o papa Francisco ter anunciado um “mês missionário extraordinário” para outubro de 2019.

No início da vigília, a irmã Lúcia Maria começou por referir-se à “graça” daquele ano que “tem no centro a oração, o testemunho e a reflexão sobre a centralidade da missão como estado permanente do envio”. “Ora estes são os pilares que podereis encontrar nos nossos/vossos ‘Encontros no Silêncio’”, relacionou, explicando que “os ‘Encontros no Silêncio’ são sempre momentos de oração para os jovens estarem a sós em silêncio com Jesus, para O escutarem e descobrirem a missão, a vocação que Jesus lhes propõe”.

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Aludindo ao lema do Ano Missionário – “Todos, Tudo e Sempre em Missão” – a irmã Carmelita Descalça desafiou os representantes das três expressões carmelitas presentes a testemunharem como é estarem “todos, em tudo e sempre em missão”. A irmã Lúcia Maria explicou ser através da oração que as carmelitas contemplativas vivem naquela permanente predisposição e observou haver irmãs “que saem até aos confins do mundo dentro da clausura”.

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O padre João Rêgo confirmou que, “em primeiro lugar, o serviço passa pela oração”, desejando que os sacerdotes possam ser “também missionários dessa oração e dos seus frutos” neles. “Se perseverarmos vamo-nos dando conta de que isto vai transformando o nosso coração e a nossa vida. E é a partir daqui que se transforma o mundo, não é só a fazer coisas que fazem falta fazer. É a partir daqui que Deus nos vai falando no silêncio e vai transformando o nosso coração e vai transformando os jovens, os homens e as mulheres que depois são capazes de transformar o mundo”, observou.

O sacerdote testemunhou ainda a dificuldade que teve em perceber a sua vocação. Mudou de curso na universidade, estudou música, foi professor de educação musical e “já tinha 28 anos”, quando percebeu que Deus o “estava a chamar”. “Hoje há tantos jovens e menos jovens que chegam aos 40 anos e ainda não sabem por onde é o caminho. É bom terem estas oportunidades para começarem já a ir pensando no que é que Deus quer, porque isto leva o seu tempo. Depois de perceber que Deus me chamava e até perceber que era para ser carmelita demorou ainda algum tempo”, acrescentou, considerando que esse discernimento vocacional passa, sobretudo, “pela oração e pela leitura da Palavra de Deus”.

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Por sua vez, Fátima Sousa explicou que os carmelitas seculares procuram dar testemunho nos diversos ambientes onde se encontrem. “Nós assumimo-nos como testemunhas na nossa casa, na nossa família, no nosso trabalho, na nossa comunidade”, afirmou, pedindo aos jovens que não tenham “medo de procurar” a sua vocação.

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O bispo do Algarve quis manifestar a sua “gratidão à comunidade das irmãs” por aquela iniciativa. D. Manuel Quintas quis também agradecer ao padre João Rêgo “por vir servir” a Igreja diocesana algarvia naquela vigília. “Quando o silêncio é como o de hoje, as palavras sobram sempre”, afirmou o prelado que “agradeceu a oportunidade de poder rezar daquela maneira, interiorizando os testemunhos do papa e de Santa Teresinha neste tempo particularmente intenso para a Igreja e neste Ano Missionário”.

Segundo as irmãs carmelitas, “os ‘Encontros no Silêncio’, destinados a jovens a partir dos 18 anos, são um espaço orante para escutar Jesus e ajudar discernir a vocação a que Ele os chama, seja na vida religiosa, sacerdotal ou no matrimónio”. As religiosas explicam que aqueles encontros pretendem “proporcionar aos jovens a descoberta (e/ou desenvolvimento da consciência) da beleza da sua interioridade habitada por Deus, para aí favorecer o diálogo silencioso, de coração a coração, num encontro pessoal com o Espírito de Jesus Ressuscitado, guiados pela Palavra de Deus e pelos Mestres Espirituais do Carmelo Teresiano”.