
A comunidade algarvia das Carmelitas Descalças tinha anunciado que os “Encontros no Silêncio”, iniciados há quase um ano para jovens, passariam a realizar-se nas primeiras sextas-feiras de cada mês e que o deste mês seria constituído por uma vigília orante com Santa Teresinha do Menino Jesus, padroeira das missões.

O convite das irmãs carmelitas foi aceite por 16 jovens e por alguns adultos que também quiseram estar presentes na última sexta-feira na vigília de oração na capela do Carmelo do Patacão, no concelho de Faro.

Marcada pelo ambiente orante com cânticos de textos de Santa Teresinha, musicados pelo padre João Rêgo e interpretados à guitarra por ele mesmo, a vigília foi presidida pelo Carmelita Descalço, músico também de melodias simples, letras e interpretações intimistas que procuram conduzir quem as ouve a um clima de recolhimento, reflexão e oração.

A vigília, igualmente marcada pelo tempo de adoração ao Santíssimo Sacramento e de silêncio para meditação “na vida e na missão que cada um tem”, foi assim participada pela família dos Carmelitas Descalços, presente nas suas três expressões: as irmãs de vida exclusivamente contemplativa, os padres na pessoa do padre João Rêgo e os leigos Carmelitas Seculares que também se fizeram representar. Presente esteve também o bispo do Algarve, D. Manuel Quintas.


A comunidade das irmãs carmelitas tinha anunciado que a iniciativa, que teve como ponto de partida a mensagem do papa Francisco para o Dia Mundial das Missões deste ano, especialmente dedicada aos jovens, se realizaria “em perfeita sintonia” com o Ano Missionário convocado pela Conferência Episcopal Portuguesa, de outubro de 2018 a outubro de 2019, depois de o papa Francisco ter anunciado um “mês missionário extraordinário” para outubro de 2019.
No início da vigília, a irmã Lúcia Maria começou por referir-se à “graça” daquele ano que “tem no centro a oração, o testemunho e a reflexão sobre a centralidade da missão como estado permanente do envio”. “Ora estes são os pilares que podereis encontrar nos nossos/vossos ‘Encontros no Silêncio’”, relacionou, explicando que “os ‘Encontros no Silêncio’ são sempre momentos de oração para os jovens estarem a sós em silêncio com Jesus, para O escutarem e descobrirem a missão, a vocação que Jesus lhes propõe”.

Aludindo ao lema do Ano Missionário – “Todos, Tudo e Sempre em Missão” – a irmã Carmelita Descalça desafiou os representantes das três expressões carmelitas presentes a testemunharem como é estarem “todos, em tudo e sempre em missão”. A irmã Lúcia Maria explicou ser através da oração que as carmelitas contemplativas vivem naquela permanente predisposição e observou haver irmãs “que saem até aos confins do mundo dentro da clausura”.

O padre João Rêgo confirmou que, “em primeiro lugar, o serviço passa pela oração”, desejando que os sacerdotes possam ser “também missionários dessa oração e dos seus frutos” neles. “Se perseverarmos vamo-nos dando conta de que isto vai transformando o nosso coração e a nossa vida. E é a partir daqui que se transforma o mundo, não é só a fazer coisas que fazem falta fazer. É a partir daqui que Deus nos vai falando no silêncio e vai transformando o nosso coração e vai transformando os jovens, os homens e as mulheres que depois são capazes de transformar o mundo”, observou.
O sacerdote testemunhou ainda a dificuldade que teve em perceber a sua vocação. Mudou de curso na universidade, estudou música, foi professor de educação musical e “já tinha 28 anos”, quando percebeu que Deus o “estava a chamar”. “Hoje há tantos jovens e menos jovens que chegam aos 40 anos e ainda não sabem por onde é o caminho. É bom terem estas oportunidades para começarem já a ir pensando no que é que Deus quer, porque isto leva o seu tempo. Depois de perceber que Deus me chamava e até perceber que era para ser carmelita demorou ainda algum tempo”, acrescentou, considerando que esse discernimento vocacional passa, sobretudo, “pela oração e pela leitura da Palavra de Deus”.

Por sua vez, Fátima Sousa explicou que os carmelitas seculares procuram dar testemunho nos diversos ambientes onde se encontrem. “Nós assumimo-nos como testemunhas na nossa casa, na nossa família, no nosso trabalho, na nossa comunidade”, afirmou, pedindo aos jovens que não tenham “medo de procurar” a sua vocação.

O bispo do Algarve quis manifestar a sua “gratidão à comunidade das irmãs” por aquela iniciativa. D. Manuel Quintas quis também agradecer ao padre João Rêgo “por vir servir” a Igreja diocesana algarvia naquela vigília. “Quando o silêncio é como o de hoje, as palavras sobram sempre”, afirmou o prelado que “agradeceu a oportunidade de poder rezar daquela maneira, interiorizando os testemunhos do papa e de Santa Teresinha neste tempo particularmente intenso para a Igreja e neste Ano Missionário”.
Segundo as irmãs carmelitas, “os ‘Encontros no Silêncio’, destinados a jovens a partir dos 18 anos, são um espaço orante para escutar Jesus e ajudar discernir a vocação a que Ele os chama, seja na vida religiosa, sacerdotal ou no matrimónio”. As religiosas explicam que aqueles encontros pretendem “proporcionar aos jovens a descoberta (e/ou desenvolvimento da consciência) da beleza da sua interioridade habitada por Deus, para aí favorecer o diálogo silencioso, de coração a coração, num encontro pessoal com o Espírito de Jesus Ressuscitado, guiados pela Palavra de Deus e pelos Mestres Espirituais do Carmelo Teresiano”.