Em janeiro de 2008, a EDP disse à Lusa que estimavam concluir a central de biomassa (alternativa às energias não renováveis) em 2012, mas agora a energética esclarece que vai aguardar pelo aumento do preço da energia elétrica.
A "tarifa de venda de eletricidade terá de aumentar para viabilizar economicamente estes investimentos, face aos custos dos equipamentos e ao preço da biomassa", disse em entrevista à Lusa fonte da EDP.
No sítio da Internet da Direcção Geral de Energia e Geologia (DGEG), organismo do Ministério da Economia, pode ler-se que por megawatts/hora produzido numa central de biomassa florestal, a tarifa média indicativa é de 107 a 109 euros, um valor mais baixo se comparado com os 310 a 450 euros pagos por megawatts/hora produzido em fotovoltaico ou com os 273 euros por solar termoelétrico.
A EDP indica ainda que a Bioeléctrica – empresa controlada pela EDP Altri – tem cinco licenças para construção de centrais de biomassa, uma delas é a de Monchique, tendo realizado "estudos e consultas ao mercado para a sua construção".
Fonte da DGDG confirmou à Lusa que os responsáveis do projeto da central de biomassa em Monchique pediram "prorrogação do prazo de licença".
O regulamento em vigor refere que as licenças podem ser prorrogadas por um ano e, em casos excecionais e devidamente justificados, podem ser prorrogados por mais um ano, ou seja, o projeto pode ficar suspenso nos próximos dois anos.
Questionado pela Lusa, o presidente da Câmara Municipal de Monchique, Rui André, disse estar disponível para apoiar o projeto da construção da primeira central de biomassa no Algarve e prometeu celeridade dos serviços camarários assim que o pedido der entrada.
Rui André disse ainda que o interesse na central de biomassa é "total", porque vem ao encontro do conceito estratégico do novo ciclo político iniciado em Monchique e que tem "como base uma aposta forte no turismo de natureza".
Além da central de biomassa ser mais um grande contributo para a estratégia do turismo de natureza, vem também trazer a possibilidade de criação de postos de trabalho e a redução da massa combustível na nossa floresta, adiantou o autarca.
Segundo Rui André, em 2006 foi feito um pedido para a instalação de uma central de biomassa em Monchique e a Câmara emitiu um parecer a verificar a compatibilidade da localização no sítio da Foz do Arroio.
Mais tarde foi também solicitada uma certidão de localização para o sítio da Guena, freguesia de Marmelete, mas "daí para cá não foi apresentado mais nenhum pedido, sendo que estas duas certidões já prescreveram", observou o presidente.
A central de biomassa de Monchique ia ter, segundo disse a EDP em 2008, um investimento na ordem dos 75 milhões de euros da Bioeléctrica, e representaria 20 novos postos de trabalho direto e 150 empregos indiretos para recolha, processamento e transporte da biomassa.
A estrutura iria produzir energia para "satisfazer um consumo médio anual de cerca de 100 mil habitantes", indicou a EDP.
A biomassa é uma fonte de energia derivada dos produtos florestais, resíduos da indústria da madeira e culturas agrícolas, efluentes domésticos e instalações de agropecuária, indústrias agroalimentares, culturas energéticas e resíduos sólidos urbanos.
Lusa