Foram 55 os adultos que no passado domingo, o segundo da Quaresma, pediram à Diocese do Algarve para serem admitidos na Igreja Católica na próxima Páscoa, com a receção dos três sacramentos da iniciação cristã: batismo, confirmação (crisma) e eucaristia.
Os adultos, que confirmaram agora a sua intenção de querer ser cristãos, irão celebrar os três sacramentos na vigília pascal das respetivas paróquias e, para isso foram aceites pelo bispo do Algarve, D. Manuel Quintas, depois de propostos pelas paróquias de Almancil, Conceição de Faro, Estoi, Estômbar, Ferreiras, Guia, Loulé, Matriz de Portimão, Olhão, Pechão, Quarteira, São Pedro de Faro, Sé de Faro e do vicariato da Pedra Mourinha.
Estes adultos iniciaram uma nova fase do seu catecumenado (preparação para a receção dos sacramentos da iniciação cristã) – a purificação e iluminação, – deixando de ser catecúmenos (designação dos candidatos aos sacramentos da iniciação cristã) para passar a ser eleitos, ou seja, escolhidos.
A Igreja tem um percurso próprio para a iniciação cristã dos adultos que começa com um período de pré-catecumenado, com a manifestação do primeiro desejo de ser batizado. Segue-se o tempo de catecumenado, ligado de maneira particular à catequese, ao conhecimento da pessoa de Jesus, da Igreja e das verdades da fé cristã. Este tempo termina com o rito de eleição dos catecúmenos e a partir desse dia, a preocupação com os adultos já não é de ordem doutrinal, mas de ordem espiritual. São então convidados a uma caminhada mais intensa de ordem interior. Seguidamente à receção dos sacramentos da iniciação cristã, os neófitos (novos filhos) iniciam um período de mistagogia em que são inseridos na vida da Igreja.
Dirigindo-se aos candidatos à iniciação cristã que com ele se reuniram na capela do Seminário de São José, em Faro, D. Manuel Quintas explicou-lhes que mesmo tendo sido eleitos, ou seja, “escolhidos para serem batizados na vigília pascal”, “não se devem sentir obrigados” a que isso aconteça, caso cheguem à Páscoa e entendam que afinal ainda não estão preparados para serem batizados e que precisam de prolongar a caminhada de preparação. “Para ser batizado, cada um tem que querer e sentir-se preparado”, advertiu o prelado, lembrando que o rito de eleição “culmina com a vigília pascal, mas não é obrigatório”.
Ao longo do encontro falou sobre o sentido da Páscoa, incluindo a simbologia do período de preparação que a precede – a Quaresma – e da caminhada de iniciação cristã (catecumenado), recuperada após o Concílio Vaticano II, que explicou ter origem nos primeiros séculos do Cristianismo. No encontro, em que participou também o cónego José Pedro Martins, vigário episcopal para a Pastoral, e o padre Flávio Martins, responsável pelo Sector da Educação da Fé dos Adultos da Diocese do Algarve, D. Manuel Quintas elucidou sobre o significado do jejum, da esmola e da partilha neste tempo litúrgico.
Na celebração, na Sé de Faro, a Igreja-mãe da diocese algarvia, D. Manuel Quintas aludiu ao significado de a mesma se realizar ali. “Entrar nesta igreja significa também entrar na Igreja diocesana. O facto de fazermos esta celebração aqui na catedral também tem esse sentido simbólico muito rico e sugestivo”, afirmou.
O bispo diocesano, manifestando estar com o “coração cheio de alegria”, assegurou que a Igreja do Algarve está “em festa”. “Toda a nossa Igreja diocesana está convosco. Ides agora percorrer um caminho especial para serdes batizados. Devemos estar todos felizes, contentes, alegres e rezando. Podeis crer que, durante estes dias, a partir de hoje, vou rezar, de maneira particular, por cada um de vós, para que o Senhor vos dê aquilo que precisais para terdes a coragem de «subir ao monte» com Jesus”, acrescentou.
Numa alusão ao episódio relatado pelo evangelho do domingo passado, D. Manuel Quintas explicou que «subir ao monte» significa o “crescimento de identificação com Cristo”. “«Subir ao monte» na companhia de Cristo, para o entender melhor, para perceber quem Ele é, para lhe perguntar (e esperar pela resposta) o que é que quer de vós, o que é que espera de vós agora que ides ser batizados, cristãos e discípulos d’Ele, em que é que tendes de ser parecidos com Ele, e como, de que maneira e de que modo. Esta Quaresma devia ser este «subir ao monte», este caminho que vós sois chamados a percorrer nas vossas paróquias até à vigília pascal”, prosseguiu.
O bispo diocesano acrescentou ainda que “para um caminho de catecumenado para o batismo ser fecundo e eficaz tem que se basear na escuta da palavra de Deus”. “Como é que escutamos Jesus? Lendo o evangelho, escutando as palavras d’Ele, e escutando-O também nos acontecimentos da nossa vida. Deus também nos fala através da nossa vida, da vida dos outros, da vida do mundo e de todos os acontecimentos. Também por aí passam os sinais e a presença de Deus. E, sobretudo, Deus manifesta-se na nossa vida em momentos de fragilidade porque tem muito gosto de se mostrar como pai nesses momentos”, afirmou.
A celebração prosseguiu com os candidatos a inscreveram em livro próprio o seu nome, gesto que confirma a sua vontade em receber os sacramentos da iniciação cristã.
Os eleitos irão agora, durante os próximos domingos da Quaresma, celebrar nas suas paróquias os escrutínios e a tradição das entregas das orações do Credo e do Pai-Nosso e, na vigília pascal, a mais importante celebração para os cristãos, completarão a sua iniciação sacramental.
A Quaresma é um período de 40 dias – excetuando os domingos -, marcado por apelos ao jejum, partilha e penitência, que serve de preparação para a Páscoa, a principal festa do calendário dos cristãos.