As V Jornadas Diocesanas do Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência (SPPD), promovidas pela Diocese do Algarve no passado sábado, destacaram a importância do acolhimento.
Na iniciativa, promovida uma vez mais através do SPPD da diocese algarvia, este ano sob o tema “Somos Família que Acolhe” que teve lugar na paróquia de São Luís de Faro, o bispo do Algarve começou por apontar ao desafio de acolher. “Queremos ser Igreja, casa, família que a todos acolhe. Queremos ver a deficiência como uma realidade presente na diversidade da condição humana. É algo que nos deve envolver a todos porque estas pessoas são, de certa maneira, testemunhas privilegiadas daquilo que deve ser a vida da Igreja”, afirmou D. Manuel Quintas.
Neste sentido, o prelado advertiu que “a santidade da Igreja, vivida e testemunhada pelos seus membros, mede-se pelo modo como acolhe e cria condições de integração e participação dos mais débeis dos seus membros”.
D. Manuel Quintas considerou assim que o trabalho na área da deficiência “é verdadeiramente um serviço que a Igreja é chamada a prestar”, lembrando que “a Igreja – povo de Deus, que acolhe e inclui todos, com ou sem deficiência, e a todos considera membros vivos e ativos, de acordo com os seus dons e com as suas condições” –, “como mãe solicita, quer estar presente nestas situações”.
O bispo do Algarve considerou, por isso, o SPPD “imprescindível numa diocese” que importa também “valorizar nas famílias”. “É algo que nos completa como Igreja diocesana”, observou.
Na eucaristia da jornada, D. Manuel Quintas salientou que, para Deus, não há deficiência. “Deus olha ao coração e o nosso coração não tem deficiência. Quer dizer que o nosso amor não deve ter deficiência. A diferença não anula o amor com que Deus nos ama e não deve anular o amor de uns para com os outros”, afirmou na missa de encerramento do encontro que contou com a presença das diretoras nacionais do SPPD, Isabel do Vale e Alice Caldeira Cabral, e de Cristina Joanaz, do mesmo organismo.
Isabel do Vale lembrou que, das 20 dioceses portuguesas, o bispo do Algarve “foi o primeiro a pedir” o SPPD, pese embora a Diocese de Bragança tenha sido efetivamente a primeira a constitui-lo formalmente. “O Algarve foi quem me sustentou a acreditar que o SPPD podia acontecer nas dioceses”, afirmou emocionada a diretora nacional, realçando a importância da confiança transmitida pelo assistente do SPPD da Diocese do Algarve, padre Joaquim Nunes, que também participou naquele encontro.
Ao Folha do Domingo, Isabel do Vale disse que depois de Bragança e do Algarve (em 2015), seguiram-se Portalegre-Castelo Branco e Lisboa. Aquela responsável espera que em breve aquele serviço, criado pela Conferência Episcopal Portuguesa em novembro de 2010, possa chegar também às dioceses de Santarém, Funchal e Setúbal, cujos respetivos bispos têm mostrado interesse.
No sábado, as V Jornadas do SPPD ficaram marcadas por duas mesas abertas que evidenciaram precisamente a importância do acolhimento da deficiência (pelos outros e pelos próprios portadores) também nas áreas da família, da educação e da saúde.
Depois do almoço, o encontro que contou com tradução em língua gestual, prosseguiu com a tradicional ‘Festa da Alegria’ com atuações da APPDA – Associação Portuguesa para as Perturbações do Desenvolvimento e Autismo do Algarve, do Clube de Dança João de Deus, do Lar Residencial de São Vicente da Santa Casa da Misericórdia de Albufeira, da APPC – Associação Portuguesa de Paralisia Cerebral de Faro, de um grupo de catequese da paróquia da Sé de Faro e dos escuteiros do Agrupamento 1172 de São Luís de Faro do Corpo Nacional de Escutas.
No encontro foi ainda apresentado o hino do SPPD da Diocese do Algarve, escrito e composto por Ricardo Martins, cego e membro daquele organismo, que fez questão de o oferecer simbolicamente ao bispo do Algarve.