O processo de demolições nas ilhas-barreira da Ria Formosa arrancou hoje no núcleo dos Hangares, na ilha da Culatra, anunciou o Ministério do Ambiente.
Naquele núcleo foram identificadas 24 edificações como localizadas em zona de risco e em domínio público marítimo, mas a operação de hoje vai debruçar-se apenas sobre 14 construções.
“Em nenhum destes casos estão em causa primeiras e únicas habitações ou apoios de pescadores, viveiristas ou mariscadores com atividade na Ria Formosa”, refere o Ministério do Ambiente, em comunicado.
A intervenção foi adjudicada a um empreiteiro por indicação da Sociedade Polis Ria Formosa, entidade responsável pelo processo, e no local estão elementos da Polícia Marítima.
A ilha da Culatra é composta por três núcleos – Culatra, Farol e Hangares – e a gestão administrativa é da responsabilidade da Câmara de Faro.
O núcleo dos Hangares foi criado há 100 anos, altura em que várias pessoas foram enviadas para aquela zona, para o Centro de Aviação Nacional, com objetivos de proteção durante a I Grande Guerra Mundial.
Esta operação de demolições está integrada no processo de renaturalização das ilhas-barreira da Ria Formosa, no Algarve.
O Programa Polis Litoral da Ria Formosa é o instrumento financeiro para a execução do Plano de Ordenamento da Orla Costeira (POOC) Vilamoura – Vila Real de Santo António, aprovado em 2005.
O processo de renaturalização da ria Formosa, lançado pelo Ministério do Ambiente, através do programa de requalificação ambiental Polis, previa a demolição de um total de 800 construções nas ilhas-barreira da Ria Formosa.
Os habitantes das ilhas têm realizado diversos protestos contra as demolições e recorreram aos tribunais para colocar providências cautelares para evitar a destruição das habitações até que os tribunais se pronunciem definitivamente sobre o processo.
A contestação local e as várias intervenções de deputados da Assembleia da República, eleitos pelo Algarve, ao longo dos anos, levaram o Governo a reanalisar o processo, as áreas afetadas e as edificações que devem ser demolidas.
Em abril, a Sociedade Polis realizou operações de demolição de várias construções no núcleo do Farol Nascente.