Foi em 1977 que as Carmelitas Missionárias deixaram a minha diocese, Viana do Castelo, rumo ao Algarve. Eu não me fiz esperar e no ano seguinte deixo eu também Viana rumo ao Algarve para dar os primeiros passos nesta Congregação. Estive dois anos, em Faro. onde fiz o Postulantado e o primeiro ano de Noviciado. Em 1980 fui para Espanha fazer o segundo ano de Noviciado e em oitenta e um voltei ao Algarve, para professar no novo convento das Irmãs Carmelitas Descalças, acabado de inaugurar, no Patacão. Foi a primeira Profissão Religiosa naquele convento.
Continuei em Espanha, Salamanca, na formação e ao fim de três anos tenho o meu primeiro destino. Voltar ao Algarve! Aqui, já Carmelita Missionária, o Sr. Bispo D. Ernesto me confia a Pastoral Juvenil com o Pe. Luís Gonzaga e os Convívios Fraternos… em 1986 fiz a minha Profissão Perpétua na igreja de S. Pedro em Faro. A Folha do Domingo noticiou: “Profissão Perpétua redunda em festa de juventude”. Em 1988 chega um novo Bispo! Continuei com o mesmo trabalho até 1990 ano em que me destinaram à cidade eterna para estudar Espiritualidade.
Quando tudo apontava outro destino (Brasil), no fim dos estudos em Roma, eis-me de volta ao Algarve! Agora, por dez anos coordenadora da Pastoral Juvenil a pedido do Bispo de então, D. Manuel Madureira Dias e outros muitos trabalhos diocesanos. Tempos inesquecíveis (1992-2002)!!! E também nesta década, no ano 2000 é ordenado D. Manuel Quintas para Bispo auxiliar do Algarve. Grande acontecimento na Sé de Silves…
Deixei novamente o Algarve por quatro anos, para experimentar o trabalho noutra diocese (Aveiro) e eis-me de volta ao Algarve.
Aqui celebrei também as Bodas de Prata, na igreja de S. Luís em dezembro de 2006. Ao fim de quatro anos no Algarve, deixo-o para subir um pouquinho mais até à nossa vizinha e querida Diocese de Beja. Foi também um tempo muito fecundo mas ao fim de nove anos volto para o Algarve.
Cheguei ao mesmo tempo que a Covid 19. Foram dois anos atípicos e difíceis… entretanto Santa Teresa de Ávila convida-me a viver na sua terra natal, onde me encontro muito feliz como o fui sempre que por aí andei, e onde espero acabar os meus dias.
Já não voltarei “à minha casa”. Sim, sempre senti a Diocese do Algarve como a minha casa onde voltava sempre.
Agora, não sem lágrimas, vejo fechar a porta…
Dou graças incessantes a Deus por estes 45 anos que por aí andei entre sair e voltar, por tanto e tanto que aprendi e pelo pouco que dei mas… dei tudo. Como diz Santa Teresa “dei o pouquinho que está em mim”.
Dou graças aos Senhores Bispos que tanto confiaram em mim. D. Ernesto que está no céu, D. Manuel Madureira Dias, que felizmente está entre nós e D. Manuel Quintas que governa ainda essa querida Diocese. Obrigada pela confiança que depositaram em mim, pelo carinho e apoio que sempre me deram. Bem hajam. Agradeço também aos senhores Padres/Párocos, que desde a serra, passando pelo barrocal até ao litoral sempre me acolheram. Sim, conheço muito bem a “minha casa”. Pisei todos os cantinhos, todas as paróquias do Algarve. Agora ofereço-vos a minha oração.
Agradeço a tantos e tantos jovens que passaram pela minha vida. a tantos leigos com quem trabalhei em diversas equipas… enfim… obrigada Algarve.
Ir. Beatriz Rodrigues dos Santos
Carmelita Missionária