Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo/arquivo

De acordo com um estudo publicado na revista científica Nature Communications e divulgado anteontem, para além das ilhas barreira da Ria Formosa, também diversas zonas de Faro, Lagos, Olhão, Portimão, Tavira e Vila Real de Santo António estão entre as ameaçadas pela subida do nível das águas.

Segundo estima o estudo daquela publicação, a vida de 300 milhões de habitantes das zonas costeiras pode estar ameaçada pela subida do nível do mar até 2050, que aponta a Ásia como a região mais vulnerável.

De acordo com o estudo, mais de 200 milhões de pessoas em risco vivem na China, no Bangladesh, na Índia, no Vietname, na Indonésia e na Tailândia.

No trabalho, os cientistas corrigiram dados existentes sobre o relevo das zonas costeiras usando um algoritmo de inteligência artificial.

“As previsões sobre a subida do nível dos oceanos não mudaram, mas, uma vez que utilizamos novos dados, identificámos muito mais pessoas a viverem em regiões vulneráveis do que pensávamos”, afirmou um dos autores do estudo e presidente da organização Climate Central, Ben Strauss, citado pela agência noticiosa AFP.

Segundo os autores da investigação, os dados fornecidos pela agência espacial norte-americana NASA, que permitiram cartografar 95% da superfície da Terra, podem ter margens de erro.

As zonas do Algarve em risco de inundação estão assinaladas num mapa publicado pela Climate Central, que analisa temas relacionados com o clima.

Desde 2006 que o nível das águas sobe em média cerca de quatro milímetros por ano, uma cifra que pode ser multiplicada por 100 se as emissões de gases com efeito de estufa continuarem inalteradas, de acordo com um relatório divulgado em setembro pelo Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas, que integra membros da ONU.

Se o aumento da temperatura global for limitado a 2ºC acima dos valores médios da era pré-industrial, conforme prevê o Acordo de Paris sobre alterações climáticas, de 2015, o nível dos oceanos subirá cerca de 50 centímetros até 2100. Contudo, se as emissões poluentes continuarem ao ritmo atual, a subida das águas poderá ser quase duas vezes mais significativa.

com Lusa