
Uma alegria final contagiante, depois de cerca de 110 minutos de incredulidade, apreensão e temor, foram os sentimentos que dominaram ontem cerca de 3.000 pessoas que assistiram à vitória de Portugal no Euro2016 de futebol, na baixa de Faro.
A lesão de Ronaldo, as oportunidades gaulesas e as dificuldades que Portugal enfrentou ao longo dos 90 minutos regulamentares e da primeira parte do prolongamento terminaram quando Éder marcou o único golo do encontro e deu o primeiro Campeonato da Europa a Portugal.
O ambiente antes do jogo foi de festa e otimismo para os milhares de pessoas que escolheram o jardim Manuel Bívar para assistirem à final do Euro2016, com o “speaker” de serviço a “aquecer” ânimos, recordando comentários que em França falavam do fraco jogo de Portugal na prova e animando o público a responder com gritos de “Portugal, Portugal, Portugal”.
Com toda a área do jardim praticamente coberta com as cores da seleção portuguesa, também eram visíveis alguns pontos de azul, vermelho e branco das poucas bandeiras francesas pertencentes a pequenos grupos de jovens gauleses, de férias no Algarve, que aproveitaram a presença em Faro para verem o jogo na “Fanzone” da baixa da cidade.
Foi o caso de Jean-Pierre Lucín, com 28 anos e residente na região de Paris, que estava com os amigos no meio da multidão e que entoou a Marselhesa já depois de os milhares de adeptos lusos terem cantado a só uma voz a Portuguesa, num ambiente de boa disposição e confraternização.
“O ambiente aqui está fantástico, estamos muito felizes com esta visita a Portugal, é bom estarmos os dois países na final, mas só vai poder vencer um e será a França”, prognosticou, entre risos comprometidos perante os olhares dos portugueses que os rodeavam.
O encontro começou e, às oportunidades francesas iniciais, sucedeu a lesão de Cristiano Ronaldo, que deixou a seriedade e a apreensão instalada nos rostos de todos face à perspetiva – consumada depois – da saída do melhor jogador do Mundo do encontro decisivo do Europeu.
Lágrimas de impotência, incredulidade e desilusão pintaram a plateia em frente ao ecrã gigante quando Ronaldo saía de campo em maca, até que a entrada de Quaresma para o substituir levantou os ânimos e a esperança.
Com o empate a zero chegou o intervalo e, na segunda parte, Luís Carvalho apontava o caminho mais desejado: “Temos que aguentar a pressão e marcar um golo”.
Mas os primeiros 30 minutos do segundo período foram marcados pelo temor a cada aproximação gaulesa da baliza de Portugal, que ia defendendo como podia as investidas rivais, para alívio de uma multidão que ainda viu Gignax atirar ao poste perto dos 90 minutos.
Uma tentativa de Nani, perto dos 80, foi o único lance a levantar a moral lusa até ao prolongamento, onde Éder também quase marcava de cabeça aos 103, mas foi já na segunda etapa do prolongamento que Raphael atirou à barra num livre, na mais clara oportunidade portuguesa até então.
A dinâmica parecia instalada e pouco depois Éder apanhou a bola fora da área, atirou de longe marcou o golo e “desatou” a festa na baixa de Faro.
“Oh, Portugal allez, Portugal allez”, começou então a gritar-se, com os cerca de 3.000 aos pulos na baixa de Faro.