© Samuel Mendonça
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Terminou no passado dia 15 deste mês uma exposição fotográfica sobre a vida da Igreja Católica algarvia que esteve patente desde o dia 14 de dezembro passado no Museu Municipal de Faro.

A iniciativa, intitulada “In Vita Ecclesiae [Igreja Com Vida] – Três olhares sobre a vida da Igreja Católica”, foi promovida numa parceria entre a ALFA – Associação Livre de Fotógrafos do Algarve e a Rede de Museus do Algarve e integrou o olhar de três fotógrafos sobre a ação da Igreja Católica no Algarve, resultando no testemunho imaginário do seu património material e imaterial.

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Telma Veríssimo, Paulo Côrte-Real e Ricardo Gonçalves presenciaram e registaram durante meses a ação social da Igreja local, o património arquitetónico, a presença humana e a fé presente em inúmeros atos religiosos, sendo que o trabalho de Telma Veríssimo incidiu mais na primeira dimensão e o de Paulo Côrte-Real e Ricardo Gonçalves na segunda e a terceira.

Os artistas levaram assim o público a testemunhar o ambiente e toda a vivência em torno das dimensões eclesiais profética, litúrgica e sociocaritativa, tendo sido o trabalho registado, em Faro, na Cáritas Diocesana do Algarve, na Santa Casa da Misercórdia de Faro, na Procissão do Enterro do Senhor em Sexta-feira Santa, nas igrejas de Nossa Senhora do Monte do Carmo, de São Francisco, do Mosteiro de Nossa Senhora Rainha do Mundo (Carmelo) e, em Loulé, no Santuário de Nossa Senhora da Piedade, em popularmente conhecida como Mãe Soberana.

© Samuel Mendonça
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“Há pobreza em Faro. Sem abrigo, imigrantes na miséria, idosos sós, desempregados… As histórias são muitas e coabitam o nosso espaço, apesar de nem sempre repararmos nelas porque a pobreza tem vergonha e esconde-se. E também existe solidariedade, manifesta na assistência prestada por entidades sociais e no voluntariado de muitas pessoas disponíveis para os outros. Uma parte significativa das organizações com fins sociais da cidade é católica, e foi essa parte que escolhi para aqui mostrar”, testemunhava Telma Veríssimo na exposição que esteve patente na capela do antigo mosteiro franciscano de Nossa Senhora da Conceição das irmãs clarissas.

A fotógrafa destacava que as atividades da Igreja Católica neste trabalho “são variadas, mas destacam-se as que estão relacionadas com o apoio no acesso a alimentos”. “Nesta área contam com a ajuda de parceiros como o Banco Alimentar Contra a Fome, escolas locais e estabelecimentos comerciais. Para além disso, prestam também serviços de atendimento e acompanhamento de famílias, recolha e distribuição de roupas e ajudam no pagamento de despesas em casos de necessidade comprovada”, sustentava, acrescentando que a comunidade “enfrenta dificuldades como a insuficiência de recursos e o sentimento de impotência para resolver os problemas de fundo da miséria”, mas “apesar disso, persiste e encontra a sua grande força motriz nas pessoas que congrega e nos seus valores”.

© Samuel Mendonça
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Telma Veríssimo começou a fotografar em 1993, colaborando regularmente com diversas publicações das quais se destaca os jornais Público e Diário de Notícias e a revista Casas de Portugal. Concluiu o bacharelato de Fotografia da Escola Superior Artística do Porto em 1994. É formadora de fotografia desde 1995 e membro da ALFA desde 2011. Frequentou a pós-graduação em Estudos de Fotografia do IADE em 2001/2002. Publicou dois livros de fotografia: em 2010 “Sagres – O Começo”, editado pela Bons Ofícios – Associação Cultural, e em 2008 “Passeio Público – jardins, alamedas e recantos ajardinados do Algarve”, produzido pela Associação Cultural Música XXI. Atualmente trabalha como fotógrafa em colaboração com diversas entidades do Algarve.

Paulo Côrte-Real, que foi o fotógrafo coordenador desta exposição, nasceu em 1967 em Angola numa família de fotógrafos e começou a fotografar aos 12 anos, tendo em sei pai e irmãos os seus professores. A sua prática fotográfica foi sendo consolidada com a convivência diária familiar, cujo tema central sempre foi a fotografia. A sua obra fotográfica compreende o mundo analógico e digital. Realizou algumas exposições individuais e coletivas e as pessoas e a paisagem assumem grande relevância na sua obra resultante também de viagens por vários países da Europa, Tunísia, China e Índia. Dos seus trabalhos mais recentes destaca-se o Projeto Cactus, para a Citroën. Membro da ALFA, licenciado em Design pelo IADE e pós-graduado em Museologia pela Universidade de Évora, é professor de Artes Visuais onde leciona Educação Visual e Multimédia.

Ricardo Gonçalves é um artista fotógrafo de formação maioritariamente autodidata. O seu trabalho gera por si próprio, um ambiente distinto em cada um das suas obras, tanto a nível de composição artística como de técnicas de iluminação. Numa visão dominada pelo gótico, pela temática do terror, fantasia e pelo estilo que é caraterizado por muitos como sendo alternativo, Ricardo Gonçalves apresenta uma coletânea de trabalhos com detalhes que primam pela diversidade. O seu trabalho nesta exposição intitulou-se “Hope Leaves”.