Cumprem-se hoje 60 anos da trágica morte do padre José Gomes da Encarnação, antigo administrador do jornal Folha do Domingo e pároco da paróquia de São Pedro de Faro.

Foi no chuvoso dia 20 de setembro de 1959 que o sacerdote perdeu a vida após um acidente de viação na Estrada Nacional 2 (conhecida como estrada de São Brás), que serve de entrada e saída da cidade de Faro.

A edição de Folha do Domingo de 27 de setembro daquele ano relata que, a “convite de um casal amigo que celebrava quarenta anos de vida matrimonial”, todos se dirigiam à Pousada de São Brás quando acontece a “derrapagem imprevista” no asfalto molhado pela chuva que caía, tendo a viatura saído da estrada e sido alvo de “um embate violento com uma árvore”, do lado do condutor.

Transportado de imediato para o hospital de Faro, ali acaba por falecer, acompanhado pelo cónego José Augusto Vieira Falé, não obstante os esforços dos médicos que o assistiram.

No carro seguia também o casal aniversariante – Joaquim Reis Variano e Isabel da Costa Reis –, acompanhados de suas filhas, mas só o marido ficou gravemente ferido, porém livre de perigo.

O corpo do padre José Gomes da Encarnação foi “trasladado para a igreja de São Pedro, acompanhado pelos sacerdotes da cidade e alguns de fora e por muito povo”, acrescenta a edição de Folha do Domingo, contando que a primeira eucaristia foi presidida pelo padre António Domingues Fernandes. Durante a manhã seguinte, “foram celebradas numerosas missas de sufrágio da alma” do sacerdote, por colegas vindos dos vários pontos da diocese”, explica-se ainda.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

O funeral foi presidido pelo bispo do Algarve de então, D. Francisco Rendeiro. “O largo de São Pedro estava coalhado de uma enorme multidão”, acrescenta aquela edição que fala em “muitos milhares de pessoas, em representação de todos os sectores e meios sociais”. A mesma edição escreve que o sacerdote “foi um dos colaboradores mais dedicados da hierarquia, um algarvio e um sacerdote que, nas mais difíceis e complexas circunstâncias e vicissitudes, não deixou de lutar pelo triunfo da causa de Deus e pelo bem da sua diocese”.

Nasceu, em Monchique, a 19 de março de 1911. Frequentou o Seminário Diocesano de Faro e recebeu a ordenação de presbítero no dia 31 de julho de 1933. Trabalhou no movimento da Ação Católica, foi professor do Seminário de Faro e administrador de Folha do Domingo e da Tipografia União desde 1931. A 23 de dezembro de 1938 foi encarregado do serviço paroquial de Vila do Bispo, Sagres e Raposeira e a 27 de fevereiro de 1939 foi nomeado pároco de São Pedro de Faro. Em 1942 foi encarregado do serviço paroquial de São Marcos da Serra.

A edição de Folha do Domingo lembra ainda que sob a presidência do bispo de então, D. Marcelino Franco, “o Algarve foi a primeira diocese a organizar oficialmente peregrinações diocesanas” ao Santuário de Fátima e refere que o padre José Gomes da Encarnação “foi o grande organizador e impulsionador destas memoráveis e fervorosas demonstrações públicas do amor da devoção e da fidelidade dos algarvios à Mãe de Deus”.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Por ocasião do segundo aniversário da sua morte, a 20 de setembro de 1961, foi-lhe prestada uma homenagem póstuma, presidida pelo bispo D. Francisco Rendeiro, e inaugurado, junto ao local do acidente que o vitimou, um monumento, da autoria do arquiteto Alfredo Carlos Villares Braga, erigido por subscrição pública.