
A Diocese do Algarve promoveu no passado sábado uma jornada teológico-pastoral no âmbito do Jubileu da Misericórdia, proclamado pelo papa Francisco para se realizar de 8 de dezembro de 2015 a 20 de novembro de 2016.

A iniciativa, subordinada ao tema “A Misericórdia Divina, fonte de vida” que teve lugar no Centro Pastoral e Social de Ferragudo, substituiu neste ano pastoral de 2015/2016, as três jornadas – bíblica, litúrgica e sóciocaritativa – que a Igreja algarvia realizava anualmente, respetivamente, no âmbito da pastoral profética, da pastoral litúrgica e da pastoral sóciocaritativa, englobando as três dimensões.

Na jornada de formação, promovida através do Centro de Estudos e Formação de Leigos do Algarve da Igreja algarvia, o diretor deste organismo justificou a opção. “Este ano optámos por não multiplicar e juntar as três jornadas numa só”, afirmou o padre Mário de Sousa, referindo-se à misericórdia como “uma das características essenciais de Deus”.

“O santo padre convidou-nos este ano a concentrarmo-nos naquilo que é o essencial da nossa fé. O papa Francisco vem convidar-nos a dedicar atenção e a abrir o coração, ao longo deste ano, àquela que é característica essencial de Deus ou a maior manifestação da sua natureza”, prosseguiu o sacerdote, afirmando que “Deus não tem amor” porque “a natureza de Deus é o amor”. “O amor, por natureza, transborda, porque um amor que se fecha torna-se egoísmo. E se Deus é amor, tudo aquilo que faz e que realiza é aquilo que ele é. A misericórdia de Deus, de alguma forma, é a manifestação mais eloquente e mais perfeita da própria natureza divina. A misericórdia de Deus outra coisa não é senão a manifestação do amor que Deus é. E porque é amor preocupa-se em primeiro lugar com o outro”, explicou.

Neste sentido, o padre Mário de Sousa afirmou que Deus compadece-se do ser humano. “Deus coloca o seu coração nas nossas misérias, ama-nos apesar das nossas debilidades e é da miséria que nos quer resgatar para mergulhar no seu amor e no carinho que só Ele nos dá. O papa Francisco pede-nos que, ao longo deste ano, reflitamos de um modo particular sobre isto. É o essencial da nossa relação com Deus”, acrescentou, frisando que “Deus não é «O Altíssimo» do Antigo Testamento, não é apenas «O Totalmente Outro» da filosofia. Deus é Pai e um Pai misericordioso. E o papa Francisco convida-nos a redescobrir isto, a nós que, às vezes, complicamos tanto a descobrir a simplicidade de Deus que se manifesta na grandiosidade do seu amor que se concretiza na sua misericórdia”, concluiu.
Participada por cerca de 250 pessoas, a jornada ficou marcada pelas reflexões dos três oradores. Na conferência, sob o tema “Jesus, o rosto da misericórdia de Deus”, que apresentou para evidenciar a dimensão bíblica da jornada, o padre Frederico Lemos sublinhou que “a justiça pode ser aperfeiçoada pela misericórdia”. O padre Carlos de Aquino disse, na conferência, sob o tema “Celebrar a infinita misericórdia divina”, que apresentou para evidenciar a dimensão litúrgica daquela jornada, que o Jubileu da Misericórdia necessita, antes de mais, de ser bem celebrado. O teólogo Juan Ambrósio afirmou, na conferência, sob o tema “Usar de misericórdia para com o teu irmão”, que apresentou para evidenciar a dimensão social da jornada, que a misericórdia de Deus não é reação ao pecado e que o presente Ano Santo não é para ser mais um acontecimento.