A Igreja do Algarve viveu ontem um dia particularmente festivo com a celebração das bodas de prata da ordenação episcopal do seu bispo emérito, D. Manuel Madureira Dias, foi ordenado bispo a 19 de junho de 1988.

O programa da celebração teve início à tarde, com a visita à exposição de arte sacra “Creio”, patente até dia 15 de setembro no Museu de Portimão, seguindo-se ao final da tarde, a eucaristia na igreja matriz de Portimão, presidida pelo aniversariante e concelebrada pelo cardeal D. José Policarpo e por mais 15 bispos, incluindo o bispo do Algarve, D. Manuel Quintas, e por muitos padres, do Algarve e também de fora, que saíram em cortejo litúrgico da igreja do Colégio.

No início da celebração, D. Manuel Quintas exprimiu a “alegria de toda a Diocese do Algarve” por D. Manuel Madureira Dias “ter acedido presidir a esta eucaristia de ação de graças na evocação das bodas de prata da sua ordenação episcopal”, inserida no Dia do Clero da Igreja algarvia que anualmente ocorre no mês de junho.

O bispo do Algarve, que em nome da diocese algarvia manifestou a alegria pela presença dos restantes prelados, lembrou que estes anos do episcopado do bispo emérito foram “caraterizados por uma intensa atividade pastoral” e considerou que aquela celebração ajudará a Diocese do Algarve a “crescer mais como Igreja diocesana, quer pelo “sentido de comunhão eclesial” que evidenciou, quer pelo “testemunho de amor e serviço” que D. Manuel Madureira legou à diocese e ao povo algarvio, “testemunho que continua a inspirar e a animar” as suas opções e a sua ação pastoral.

D. Manuel Quintas manifestou a certeza de a Igreja algarvia poder continuar a contar com a oração do bispo emérito.

O aniversariante, considerando não ser “hora de louvores aos homens” mas de “louvor a Deus”, lembrou, na sua homilia, que também consigo aconteceu o “desígnio da misericórdia de Deus” que o foi buscar ao “seio de uma família humilde”. “Quando na minha adolescência me sentia pecador, o Senhor chamou-me, sem eu entender muito bem o que Ele queria de mim. O seu amor misericordioso fez de mim presbítero da Igreja e, quando vivia feliz e humanamente realizado no exercício do meu ministério, de novo me bate à porta”, relatou D. Manuel Madureira Dias.

“Consciente da minha miséria e do meu pecado, mas certo de que o Senhor que me chamava me havia de purificar, vim. Aqui estive 16 anos, tentando fazer o que me parecia mais acertado, mas com defeitos e muitas limitações. Deus me perdoe. Mas alegro-me porque o poder de Deus revela-se na fraqueza dos homens”, acrescentou.

A terminar, o prelado agradeceu a Deus pela confiança que depositou em si, não obstante as suas “infidelidades” e o seu “pecado”, à Igreja, aos “irmãos bispos”, aos “irmãos presbíteros” e “povo desta Diocese do Algarve”. “Rezai por mim, que eu rezo por vós”, pediu, sendo secundado com uma longa salva de palmas.

À noite, promovido pela Câmara de Portimão, houve ainda um concerto da Orquestra do Algarve no TEMPO – Teatro Municipal de Portimão que interpretou a peça instrumental de Händel “Water Music”, com direção musical do maestro Cesário Costa.

O presidente da Câmara Municipal, Manuel da Luz, que entregou uma lembrança ao bispo emérito do Algarve, considerou que “homens como D. Manuel fazem falta e nos tempos que correm, mais ainda”. O autarca destacou a “simplicidade” e a “grande craveira intelectual” do prelado bem como o seu “sentido de humor com alguma ironia”.

Samuel Mendonça