A Diocese do Algarve vai apresentar o segundo ano do triénio pastoral, iniciado o ano passado, que a conduz sob a perspetiva da alegria e da esperança até 2027, tendo como lema a exortação de São Paulo aos romanos «Sede alegres na esperança» (Rm 12,12).
Na verdade, na carta aos cristãos de Roma, o apóstolo exortou-os não só a serem “alegres na esperança”, mas também a permanecerem “pacientes na tribulação” e “perseverantes na oração”. Ora, neste ano pastoral de 2025/2026 que agora vai ter início, é precisamente a segunda parte da exortação paulina – «Pacientes na tribulação» – que a Igreja algarvia convida a acolher e acrescentar ao caminho trienal.
“A paciência cristã que somos chamados a viver, não é feita de resignação ou fatalismo. Pelo contrário, ela é marcada por um desejo de aderir sempre mais à vontade de Deus, o que muitas vezes implica decidir e aceitar sofrer (pathos, passio, paciência) por amor e por um Amor maior”, clarifica o Programa Pastoral, advertindo: “não se pode construir a casa sob rocha firme, nem colher frutos se não houver paciência diante das tribulações que tantas vezes nos querem levar a desistir, desanimar, desconfiar, entre outros”.
A diocese lembra que “Alegria, Paciência e Perseverança são as três caraterísticas do viver cristão” que quer “continuar a redescobrir interligadas”, explicando “que elas se vão somando e não apenas sucedendo umas às outras” e que, assim, no último ano do triénio será então acrescentada a exortação “perseverantes na oração”.
Um dos acontecimentos eclesiais que o triénio pastoral 2024/2027 tem em conta é o Sínodo dos Bispos sobre a sinodalidade, decorrido entre 2021 e 2024 e cuja fase de implementação decorre agora entre 2025 e 2028. O programa diocesano refere ser “necessário retomar o entusiasmo dos grupos sinodais e dar continuidade aos processos de escuta e diálogo comunitário que tanto bem geraram na vida das comunidades” e que este é o “ano específico” de começar “a fazer dos frutos do Sínodo uma realidade” nas comunidades cristãs e a promover o seu documento final, “possibilitando a sua leitura e aprofundamento”. “A isto, acrescenta-se igualmente a necessidade de darmos os passos concretos de discernimento e aplicação do mesmo Documento em todas as comunidades da nossa Diocese”, acrescenta-se.
Tendo em conta a aplicação do que é dito naquele documento, que também foi discernido no Conselho Pastoral da diocese, o programa para este ano indica “propostas, sugestões, objetivos práticos, desafios, entre outros, que cada comunidade deverá discernir se se aplica e deve ser trabalhada, tendo em conta a sua realidade” porque “não tem que ser rigidamente e totalmente seguido”, “nem encerra tudo quanto possam ser os caminhos e passos concretos que (…) cada comunidade poderá empreender”.
No âmbito da dimensão da “conversão das relações”, desenvolvida nos números 49 a 78 do documento sinodal, o programa pastoral sugere, a nível diocesano, a promoção de “tempos e espaços de convivência entre os membros da Pastoral Diocesana, onde o diálogo informal e a partilha de vida e de fé possam ter o seu espaço”; “um maior contato pessoal entre os responsáveis e membros dos vários organismos diocesanos com as pessoas que constituem as Equipas Regionais e Paroquiais correspondentes”; e a promoção de uma “Assembleia do Clero que possa levar à reflexão e formação sobre o cuidado com as relações humanas à luz da fé entre o Presbitério e com todo o Povo de Deus”.
A nível regional é sugerida a promoção de “encontros interparoquiais ao nível dos Centros Evangelizadores e das Regiões Pastorais (Espirituais, Formativos e de Convivência) de maneira a gerar uma maior relação afetiva entre os membros das diferentes comunidades cristãs”; a promoção de “um dia da Região Pastoral, onde se celebre a fé e se dê espaço ao convívio entre as pessoas (dia da região pastoral, peregrinação, passeio, etc)”; e que se possa “gerar algum processo formativo acerca das relações humano-afetivas, à luz da fé, particularmente para quem exerce ministérios, carismas e serviços, de modo a gerar maior relação, acolhimento, acompanhamento e laços fraternos entre os cristãos”.
A nível paroquial é proposto que se criem “momentos de encontro informal, convívio e partilha de fé em pequenos grupos (por grupos de serviços/ministérios ou não) para que as pessoas se conheçam e estabeleçam maior relação afetiva e não apenas de trabalho pastoral”; e que se recupere ou dê “continuidade às Equipas de Acolhimento, possibilitando-lhes uma formação adequada à missão, para serem o primeiro contacto e criarem relação e proximidade entre todos os membros da comunidade”.
No âmbito da dimensão da “conversão dos processos”, desenvolvida nos números 79 a 108 do documento sinodal, o programa pastoral sugere, a nível diocesano, a aplicação do “Método da Conversação no Espírito aos vários organismos de participação e corresponsabilidade pastoral, podendo mesmo estender-se a outros grupos de trabalho, gerando, através dele, uma maior capacidade de escuta, diálogo e partilha”; a promoção de “uma adequada formação para todos aqueles que constituem ou poderão vir a constituir os Conselhos Pastorais e Económicos Paroquiais”; e a iniciação de “um processo que leve à implementação diocesana e paroquial de uma maior transparência pastoral e económica, onde a prestação de contas comece a ser uma realidade efetiva que conduza a uma maior credibilidade das instituições e dos seus membros, como caminho de verdade à luz do Evangelho”.
A nível regional é proposto que se inclua “os leigos de cada Região Pastoral nas reuniões de Clero” e a promoção de “encontros entre os leigos e os Ministros Ordenados de cada Região Pastoral – para trabalho, partilha pastoral ou tempo de espiritualidade –, potenciando, deste modo, uma ação pastoral em rede e comunhão”; e a criação de “um Conselho Pastoral Regional, de modo a ajudar a discernir uma efetiva aplicação da Nova Organização Paroquial em chave Missionária, bem como uma ação pastoral conjunta”.
A nível paroquial é sugerida a “criação e efetivação dos órgãos de participação (conselho pastoral paroquial e conselho económico paroquial) em todas as paróquias ou «agrupamento de paróquias», de modo que o discernimento pastoral e a gestão paroquial sejam feitos a partir da comunidade e não apenas de algumas pessoas”; a aplicação do “Método da Conversação no Espírito aos vários organismos de participação e corresponsabilidade pastoral, podendo mesmo estender-se a outros grupos de trabalho pastoral, gerando, através dele, uma maior capacidade de escuta, diálogo e partilha”; e que se procure “gerar uma mentalidade e efetiva capacidade de prestação de contas de ação pastoral, onde não se fique apenas pelo discernimento e programação, mas se chegue sempre à avaliação de tudo quanto se vai realizando, bem como do desempenho dos seus membros no exercício dos seus ministérios, serviços e carismas”.
A Diocese do Algarve irá apresentar no próximo sábado, 20 de setembro, o programa pastoral para este ano em Assembleia Diocesana que volta a ter lugar no salão paroquial de São Pedro do Mar, em Quarteira, a partir das 9h.
Este segundo ano do programa trienal, que agora se vai iniciar, será apresentado naquele encontro que tem como destinatários os sacerdotes, diáconos, religiosos, consagrados, membros das equipas de secretariados e setores diocesanos, membros das equipas responsáveis de movimentos e associações, dos Conselhos Pastorais Paroquiais ou outros organismos de corresponsabilidade pastoral paroquial, bem como “outros cristãos que os responsáveis dos referidos organismos considerarem dever estar presentes”.
O encontro terá o seguinte programa:
09.00h: Chegada e Acolhimento dos participantes
09.30h: Oração na Igreja de São Pedro do Mar
10.15h: Abertura dos trabalhos, no Salão Paroquial de São Pedro do Mar
10.30h: Apresentação do Documento Final do Sínodo dos Bispo sobre a Sinodalidade
11.30h: Intervalo
12.00h: Apresentação do Programa Pastoral 2025/2026
12.45h: Conclusão e Encerramento da Assembleia Diocesana