
A cadeia de oração permanente ao Santíssimo Sacramento (lausperene), que a Igreja Católica algarvia promove anualmente desde 2004, para pedir a Deus vocações de consagração, tanto no sacerdócio como na vida religiosa ou nos institutos seculares, teve início ontem à noite na Sé de Faro com um apelo a que se entenda os sacerdotes como “dom”.

“Às vezes olhamos para os padres como um direito e são, antes de mais, um dom”, afirmou o reitor do Seminário da Diocese do Algarve, entidade que promove a iniciativa de oração ininterrupta, durante 15 dias, ao Santíssimo Sacramento.


Neste tempo de oração, levada a cabo 24 horas por dia, o padre António de Freitas exortou os algarvios a sentirem-se “mendigos desta misericórdia de Deus que suscita todos os ministérios, serviços e também o ministério ordenado” na Igreja. “Temos que nos sentir estes mendigos que vêm suplicar ao Senhor: «Senhor tem compaixão de nós porque precisamos daqueles que te fazem presente na eucaristia, daqueles que nos oferecem o teu perdão, daqueles que proclamam a tua palavra, daqueles que são também a tua imagem no meio das nossas comunidades»”, pediu.

O sacerdote disse ainda que o lausperene deve significar “um compromisso de uma Igreja que volta a olhar com atenção para esta realidade das vocações, dos sacerdotes, deste dom que é a vocação sacerdotal para a Igreja”. “Ao olharmos para a nossa Igreja diocesana e para aquilo que são as nossas comunidades, deveremos pensar como tem sido o nosso empenho pelas vocações”, propôs, lembrando que “todos somos chamados a cuidar das vocações”, assim como “daqueles que receberam este dom do ministério ordenado”. “A questão das vocações questão não é uma questão que diga respeito a uns quantos. Diz-nos respeito a todos porque estão ao serviço de todos e é também do empenho, da disponibilidade, da oração, da sensibilidade de todos que Deus faz surgir esta vocação e este dom para nossa Igreja”, alertou.


O reitor do Seminário de São José identificou ainda outra finalidade desta cadeia de oração. “O lausperene serve também para, de um modo mais profundo, manifestarmos a nossa gratidão ao Senhor pelas vocações que nos tem dado”, observou, exortando a “continuar a dar graças ao Senhor por todos estes que continuam a entregar-se, a dar a sua vida, que, não obstante as suas fragilidades, limitações ou cansaços, continuam a disponibilizar-se para servir o povo de Deus”. “Temos tanto a agradecer ao Senhor por aquilo que vai fazendo através do presbitério da nossa diocese”, considerou.

O padre António de Freitas pediu ainda que todos se sintam “agentes de pastoral vocacional”, “chamados por Jesus a olhar para os jovens, para os rapazes, para os adolescentes e a dizer: «Coragem! Entrega-te, levanta-te porque o Senhor está a chamar»”. O sacerdote desafiou ainda as famílias à “abertura também a esta realidade” e à oração pelas vocações.

O sacerdote dirigiu-se ainda aos muitos jovens presentes. “Não tenham medo de pedir ao Senhor que vos mostre o caminho que Ele quer para vocês. E se vos disser que o vosso caminho é o ministério ordenado, é ser padre, é ser sacerdote, que se deixem conduzir por Ele. Se o Senhor vos chama, não tenham medo porque o Senhor nunca chama ninguém a ser infeliz, mas a fazer da sua vida um espaço onde reina aquela felicidade que vem d’Ele mesmo. Se o Senhor vos dirigir a sua voz não tenham medo, entreguem-se e Ele não permitirá que nada vos falte e, através de vós, poderá fazer tanto bem e tantas maravilhas pela Igreja e pela humanidade”, pediu.


O lausperene decorre no âmbito da Semana dos Seminários que se realiza a nível nacional de 11 a 18 deste mês sob o tema “Formar discípulos missionários”.

Assegurado pelas paróquias que constituem as quatro vigararias de Faro, Tavira, Loulé e Portimão, pelas comunidades, congregações, grupos e movimentos católicos da diocese algarvia, segundo o programa divulgado pela Diocese do Algarve (disponível abaixo), o lausperene terminará no dia 17 deste mês com a celebração na igreja matriz da Mexilhoeira Grande, pelas 18h, presidida pelo bispo do Algarve, D. Manuel Quintas.
