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© Samuel Mendonça

Na segunda parte da Jornada Bíblica que a Igreja do Algarve realizou hoje sobre a Família, o cónego José Morais Palos, referindo-se ao tema “A fecundidade do amor humano, na Bíblia”, salientou o “desígnio de Deus sobre o par humano, o amor e a fecundidade”.

Na iniciativa, que teve lugar no Centro Social e Pastoral de Ferragudo com a presença do bispo do Algarve e de cerca de 80 participantes, o diretor do Instituto Superior de Teologia de Évora abordou a questão do amor e da fecundidade no relato da criação, nos textos patriarcais, no Novo Testamento e nas cartas de São Paulo.

O orador começou por destacar a “igualdade de natureza do homem e da mulher”. “É a mesma natureza humana, simplesmente uma parte é masculina e outra feminina”, explicou, considerando que “pode haver relações muito profundas entre humanos, mas a maior de todas, a mais profunda e íntima é a que existe entre o homem e a mulher”.

Sublinhando que “o amor é a única força eficiente e unitiva do ser humano”, disse que “a fecundidade, à qual o homem e a mulher são chamados conjuntamente, é um dom de Deus e fruto da sua bênção”. “Podemos dizer que o fim da sexualidade se concentra na fecundidade, (…) um dom de Deus e um poder que tem a sua fonte em Deus”, afirmou.

Citando o Papa na entrevista à revista jesuíta italiana “La Civiltà Cattolica”, o cónego Morais Palos lembrou o pensamento de Francisco quando disse que “o voto da castidade deve ser um voto de fecundidade”. “A perspetiva com que o Papa disse isto é a mesma de Jesus”, acrescentou, lembrando que nas intervenções de Cristo “não há lugar para qualquer referência explícita de uma prole numerosa como expressão de fecundidade ou como condição para a realização integral da vida familiar”.

O conferencista sublinhou que “Jesus constitui uma nova família”. “Jesus renuncia claramente à sua família de sangue. O seu espaço vai ser uma família mais ampla”, concretizou, acrescentando que, com Cristo, “os parâmetros da fecundidade, entendidos no sentido biológico, são alterados”. “Não encontramos palavras de Jesus que se refiram à fecundidade biológica”, complementou, lembrando também que Jesus não condenou a atividade sexual.

Explicando que “a instituição do matrimónio pelo Criador é superada no reino celeste”, o cónego Morais Palos referiu que, em Jesus, a “indissolubilidade do matrimónio” é um “ponto fundamental”. “Para Jesus o matrimónio é a união de duas pessoas – um homem e uma mulher – que não pode ser dissolvida”, destacou, acrescentando que “a união matrimonial de duas pessoas não pode ser vivida senão na unidade sem limites e no amor indiviso”. “O divórcio é expressão de um coração obstinado e rebelde. A indissolubilidade, mais do que uma norma jurídica, é exigência em que os esposos devem confrontar-se num processo constante da sua fidelidade”, complementou.

O orador terminou referindo-se aos aspetos da teologia paulina sobre o matrimónio, o corpo e as relações familiares.