
Uma jovem da paróquia da Mexilhoeira Grande, que em 2010 realizou uma missão no Peru, partiu na passada terça-feira para o Malawi para nova experiência missionária realizada no âmbito do seu estágio profissional.
Dina Rochate, de 26 anos, estudante de Medicina da Universidade do Algarve (UAlg), escolheu realizar o estágio de dois meses naquele país da África oriental a trabalhar no Hospital Comunitário em Kapiri, na região central oeste do país (perto da fronteira com a Zâmbia), que foi fundado (1972) e é gerido pela congregação das Carmelitas Missionárias, instituto religioso através do qual realizou também a missão no Peru.

A unidade de saúde cobre a população do distrito rural de Mchinji, com cerca de 50.000 pessoas, e assiste, sobretudo, doentes infetados com HIV, malária e tuberculose. Para além disso, integra ainda um centro que acolhe crianças em avançado estado de desnutrição para tratamento e formação das respetivas mães.
Dina Rochate, que se licenciou pela UAlg em 2010 em Ciências Biomédicas, realizou depois o mestrado na mesma área, tendo trabalhado na investigação laboratorial do cancro. Há três anos entrou em Medicina na mesma universidade, indo agora realizar o estágio antes de transitar para o quarto e último ano.

Na eucaristia do passado domingo na sua paróquia, na qual teve lugar a bênção e o rito de envio presididos pelo pároco, a jovem algarvia explicou que o estágio de medicina pode ser realizado em Portugal ou em qualquer outra parte do mundo, sendo objetivo que o aluno escolha um local onde possa adquirir valores humanitários que não se obtêm facilmente nos habituais estágios nos centros hospitalares ou nos centros de saúde. “Podemos escolher desde centros mais especializados até unidades de países em desenvolvimento e com outras necessidades”, explicou Dina Rochate, acrescentando que voltou a contactar as irmãs Carmelitas Missionárias para saber se haveria alguma missão onde fizesse falta alguma colaboração na área da saúde.
No Perú já tinha desenvolvido também um pouco esse trabalho, embora não de forma tão específica como agora o espera fazer.
Seguiu-se depois um encontro de formação em Madrid (Espanha) com outros missionários que também vão realizar missões noutras partes do mundo.

Tendo tomado conhecimento da sua missão, o bispo do Algarve regozijou-se com a decisão da jovem algarvia, considerando que, certamente, a experiência a vai “enriquecer muito”. Lembrando que vários jovens o têm interpelado sobre o modo de poderem realizar uma experiência semelhante, D. Manuel Quintas manifestou vontade em se encontrar com Dina Rochate depois do seu regresso a 28 de julho próximo para se enriquecer com a sua vivência.
Já o pároco da Mexilhoeira Grande disse que gostava que a paróquia se sentisse orgulhosa “por uma irmã sua ser enviada em missão em sua representação”. “Sinto-me enviado contigo e em ti por seres filha espiritual minha e desta paróquia de que sou pároco. Sentiste o chamamento para te colocares ao serviço dos mais pobres dos pobres. Naturalmente, isto partiu do espírito que te move desde que te batizaste nesta nossa paróquia e de que tens sido uma grande testemunha por onde tens andado”, afirmou o padre Domingos da Costa na eucaristia de domingo.

“Muitos dos ditos cristãos e jovens desta terra defendem-se, afirmando que o Senhor nunca os chamou para nada. É mentira! Cada um só responde àquilo que quer. Não querem que Cristo os chame, por isso não nunca estiveram (nem estão) dispostos a responder”, lamentou o sacerdote, advertindo a missionária de que se irá «encontrar» com o próprio Cristo. “No Malawi vais, de certeza, «tocar» Jesus e ser «tocada» por Ele nos doentes atingidos pela SIDA, malária e tuberculose. Lembra-te de que neles «tocas» e és «tocada» pela carne de Jesus, como diz o papa Francisco, de que eles são templos. Vais tocá-los com as tuas mãos e, sobretudo, com o teu coração”, afirmou o pároco, agradecendo-lhe “pelo testemunho e pela pregação” transmitidos pelo seu “gesto” missionário.