As paróquias de Estoi e Santa Bárbara de Nexe homenagearam o seu pároco, o monsenhor cónego José Pedro Martins, na última sexta-feira.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
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A homenagem, ocorrida no dia seguinte a ter completado 81 anos de vida, teve como ponto alto a Eucaristia na igreja de Santa Bárbara de Nexe, no dia em que a Igreja celebra a memória litúrgica do algarvio São Gonçalo de Lagos, seu conterrâneo.

Na Missa, o homenageado atribuiu a São Gonçalo a intercessão que o levou a ser sacerdote. “Se estou aqui hoje a ele, meu intercessor, devo”, afirmou o monsenhor cónego José Pedro Martins, acrescentando: “Dou-lhe graças pelo seu patrocínio e peço-lhe o mesmo patrocínio para outros futuros vocacionados do Algarve, neste momento tão carecido de semeadores do amor e da esperança de Deus nas vidas desta nossa comunidade algarvia para continuarem a missão”.

O sacerdote, que disse ter sentido “tocado” por aquele santo, garantiu rever-se na vida do conterrâneo. “Revejo-me, pois, na minha vocação, na figura singular deste homem, humilde, de particular caridade, cheio do amor de Deus por todos e, particularmente, pelos mais pobres, os mais simples, e de entre eles as crianças”, afirmou.

O homenageado disse que a sua vida assim também tem sido. “Assim quero que seja até ao último momento: uma vida humilde, não de grandezas, mas uma vida doada, que olhe para o chão porque olhar para o chão é olhar para todos e, sobretudo, para os pobres, as crianças, os sem ninguém, os marcados por situações precárias na vida”, afirmou.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
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Durante o jantar no Centro Comunitário de Estoi que se seguiu à celebração, o monsenhor cónego José Pedro Martins considerou aquele reconhecimento “excessivo para a minha maneira de ser”. “Sou mais simples, mais terra a terra. Isso significa que aprecio mais a humildade e o escondimento no sentido de não me impor. Nunca gostei disso”, afirmou.

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O sacerdote referiu-se à recente atribuição do título de monsenhor pelo Papa Francisco. “Têm-me chegado inúmeras e gratas manifestações de amizade logo que se soube que sua santidade, o Papa Francisco, decidiu incluir-me no corpo dos seus presbíteros capelães como o prelado honorário com o título de monsenhor. Eu gosto mais que me tratem por padre. Fui apanhado de surpresa e perguntei-me porquê”, referiu, considerando que “nestas circunstâncias costumam sobejar os panegíricos”. “Eu sempre os secundarizei. Para mim o importante está na advertência de Jesus aos seus discípulos, implícita na Eucaristia de hoje: «não vos deixeis tratar por mestres, pois um só é o vosso Mestre e vós sois todos irmãos. Quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado»”, prosseguiu.

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O homenageado disse que o trabalho que tem feito é “obra de Deus”. “O proveito só Ele sabe, bem como as comunidades por onde me fez peregrinar. Aceito esta escolha e este título papal como expressão de um dom referido não só a mim próprio, mas também a todos aqueles e aquelas para quem, não obstante as minhas limitações, tentei ser presença temêntica do plano divino”, justificou.

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O sacerdote acrescentou ainda que a sua vida “sempre procurou pautar-se pelo percurso de sinodalidade”. “Esta temática de que a Igreja somos nós todos comprometidos e envolvidos na missão batismal, sempre norteou os planos de ação do meu ministério de presbítero. Hoje assim continua com as devidas respostas possíveis nestas duas comunidades que me foram entregues como o pastor. Enquanto puder, nas presentes circunstâncias de frágil saúde, continuará a ser este o meu rumo, contando com os excelentes colaboradores que o Senhor me disponibilizou, quer como diáconos quer como leigos corresponsabilizados”, concluiu.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
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O presidente da Câmara de Faro, que também participou na Eucaristia concelebrada por vários padres da diocese e servida pelos diáconos Getúlio Bica, Luís Galante e Rogério Egídio, agradeceu ao homenageado por tudo o que tem proporcionado e ofereceu-lhe uma placa em nome do município. “Não é uma distinção qualquer. É uma distinção que representa muito aquilo que o padre José Pedro é. A Câmara Municipal de Faro felicita o monsenhor cónego José Pedro Martins pelo seu importante papel na vida das comunidades que serviu e continua a servir e pela importante marca que deixa nas artes, liturgia e música sacra. Somos gratos pela sua já longa e rica vida em que nos ajudou a descobrir a beleza, caminho que só pode ser de felicidade”, afirmou Rogério Bacalhau, após o jantar que contou com a atuação do coro de câmara da Sé de Faro ‘Cantate Domino’, dirigido pelo maestro Rui Jerónimo, que interpretou composições da autoria do homenageado.