Foi através de mais uma excelente lição escrita dessa admirável e admirada figura do pensamento português que é o Professor Doutor Adriano Moreira, inserta na revista trimestral «Montepio» (nº 34), intitulada «A Amazónia», a propósito da recente iniciativa do Papa Francisco, que tive conhecimento do Reverendo José Damião de Veuster, havido como «o missionário do éden da morte».
Religioso da Ordem dos Sagrados Corações, nasceu em Bruxelas (Bélgica), a 3 de Janeiro de 1840, entregou-se com um verdadeiro espírito de missão em Puna e Koala, onde cumpriu com verdadeiro sentido de fé os seus votos missionários, escreveu ao seu Superior Geral pedindo-lhe «Rezai e fazei rezar por mim, todos os dias, porque, como sabeis, sou jovem, tenho as minhas fraquezas». A referência a estas suas palavras foram feitas por Almerindo Lessa, «um devoto» do cientista e religioso Teillard de Chardin, que divulgou a vida de Veuster.
Aos 33 anos ofereceu-se para ir para Molokai, uma região fortemente infestada pela lepra, para dar o testemunho de Cristo e amparando e minorando o sofrimento dos afetados por este terrível mal, que haveria de contrair, já que, por via do isolamento «em Molokai só havia uma porta: a da entrada».
Em 1884 o Reverendo Veuster escreveu: «Deus sabe o que é melhor para a minha salvação». Morreu transfigurado a 15 de Abril de 1889 e o seu testemunho de vida e de entrega, cria um novo e revigorado exemplo neste tempo em que a Amazónia e a sua população nativa, mercê da ação empreendida por Sua Santidade Francisco I e os participantes do Conclave que decorreu no Vaticano e que foi, de modo próprio, um grito «à Cidade e ao Mundo» contra a «economia que mata».