“O mistério pascal de Cristo, que celebramos ao longo desta semana, ilumina também o sofrimento e a morte provocados por este vírus”. As palavras são do bispo do Algarve na missa de hoje de manhã, Domingo de Ramos, na catedral de Faro.

“O sofrimento e a morte nunca podem ser considerados como abandono ou esquecimento rejeição d’Aquele que nos ama como filhos. Sabemos que um Pai está sempre junto do filho que sofre, no seu coração há sempre um lugar especial reservado para estes filhos que mais sofrem ou até que mais fazem sofrer”, complementou D. Manuel Quintas.
Na eucaristia, que se iniciou com a bênção dos ramos “que recorda a entrada messiânica de Jesus em Jerusalém”, e que é marcada também pelo relato da Paixão de Cristo, D. Manuel Quintas destacou que o tempo presente, “que tanta convulsão está a provocar aos mais diversos níveis – individual, familiar, laboral, religioso, social, cultural e desportivo – e com profundas repercussões na economia”, ajuda a “escutar” e a “seguir” com “maior atenção” aquela narração.

“Interrogamo-nos porquê este sofrimento? Porquê o sofrimento humano? Qual a razão do sofrimento de Jesus?”, questionou, acrescentando que “o sofrimento é consequência e confirmação da fragilidade humana, uma inevitabilidade, tal como a morte”. “Jesus sofreu porque ao encarnar, assumiu a nossa condição humana sujeita também ao sofrimento e à morte. Em tudo igual a nós, menos no pecado diz-nos a palavra de Deus. Ou seja, a sua encarnação não foi um faz-de-conta”, sustentou.
O bispo diocesano acrescentou que, “ao assumir este caminho”, Cristo “une-se aos sofredores de todos os tempos e assume assim todo o sofrimento humano, inclusivamente aquele que, como o seu, é convocado pela violência e por todas as formas de injustiça”. “A sua paixão continua hoje de diferentes modos e diferentes formas e em diferentes situações”, prosseguiu na eucaristia transmitida em direto nas redes sociais.
“O nosso lugar como filhos é no coração de Cristo, trespassado na Cruz pela lança do soldado. O nosso sofrimento, unido ao de Cristo, é caminho de doação, de entrega, caminho de amor”, acrescentou, garantindo ser “este mistério de amor e de vida que a liturgia desta Semana Santa e, particularmente, o Tríduo Pascal” convida a celebrar e “também a iluminar com ele todas as situações de sofrimento e de morte na nossa vida”.