Maria Gabriela de Sousa e Silva, uma farense doutora em literatura portuguesa, num currículo imenso que dispensamos, não dispensando essa formação em pedagogia do desenvolvimento social infanto-juvenil.
Maria Gabriela está em Lisboa sonhando Faro… E aí vem numa alegria incontida arrebanhando as amizades e admirações para as lições feitas de saudades e de sabedorias, nessa formação em pedagogia do desenvolvimento, em lições oportunas nos contendos dos seus últimos livros.
1 – Os sonhos dos Adolescentes
Para a Pedagoga há o sonho ao regresso. A cidade de Faro, as escolas, a Ilha e, sobretudo, a casa: a Família, o núcleo central, a peça em que se constrói todo o edifício do ser juvenil.
E nesse querer recuperar, em nova construção, afirma. "Se eu pudesse voltava atrás no tempo e agarrava os sonhos que já nessa altura sonhava. Eu queria tanta coisa, tanta… uma Escola diferente, uma vida diferente, um Amor diferente.
"Eu queria Ser "Eu".
"Será que consegui?"
Então, Maria Gabriela, a professora, exorta os alunos a mostrar-se nessa dispersão de vontades. E eles aceitam desafios e revelam-se, mostrando as capacidades, pelas aprendizagens, que os movem de sonhar.
2 – O Ser e o Estar na Adolescência
"Passei pela adolescência com uma ânsia e de liberdade e de descoberta que ainda hoje continuam vivas dentro de mim".
A Construção – Maria Gabriela continua prisioneira do seu tempo adolescente para o comunicar as diferenças dos tempos: as descobertas imprecisas, sem definição. As angústias pelas responsabilidades que as preocupações escolares carregavam na adolescente para os sonhos desejados, nas amizades que se cimentavam nessas incertezas visionárias do futuro, e nas descobertas secretas, porque íntimas, dos primeiros amores.
E pega nos mestres que a guiaram e que podem ser transmissores dessas aprendizagens: Mário Cordeiro, Rubem Alves, Daniel Sampaio, Steiner, Savater, Pennae, entre tantos.
Podia. Pode contar com os seus mestres, sendo ela a ensinar e transmitir, na vida académica, os valores da prática diária, de o ser e o estar na adolescência.
3 – O prazer da Leitura na Adolescência
"Cresci, ouvindo os contos da avó Quina (Joaquina), vendo as pantominas da avó Dinda (Ermelinda), ouvindo as estórias da mãe que me afagava o lençol junto ao rosto para adormecer, vendo as caricaturas de corpo inteiro que o pai desenhava e tentando acompanhar o seu raciocínio matemático".
Mas foram os livros a fonte da vida.
"O livro é um monumento de palavras que faz a vida (…) Sem ele, o mundo global perde o direito aos registos culturais e à memória dos factos, dos afectos, da palavra escrita. A adolescência precisa desses registos e dessas memórias para "crescer por dentro".
Os três livros da Doutora Maria Gabriela apresentados em Faro, na Biblioteca Ramos Rosa, neste fim de Novembro, mostraram uma linha de pensamento segundo a qual a relação família – escola representa uma função importante na educação juvenil e de transformar as relações entre família, grupo de amigos, escola, trabalho e o gostar de aprender a amar a leitura.
"Nós queremos vê-los crescer em conhecimento, em dinâmica interior, em curiosidade e em competências, em valores e atitudes. Por isso, pretendemos colocar-lhes nas mãos o livro certo, no momento certo".