
O Renovamento Carismático Católico (RCC) do Algarve, em colaboração com a Comunidade Canção Nova, promoveu nas passadas terça e quarta-feira (14 e 15 de junho) duas “Noites de Louvor e Oração” subordinadas ao tema “Transformando maldições em bênçãos”.

Os encontros foram orientados pelo padre Márlon Múcio, sacerdote brasileiro responsável da Comunidade “Missão Sede Santos”, que fundou em 2002, e de várias obras e projetos sociais, como o de uma comunidade terapêutica para tratamento de dependência química.

No encontro da primeira noite, que teve lugar na igreja de São Luís, em Faro, o sacerdote exortou os presentes a combaterem a murmuração, um desafio que também tem sido lançado pelo papa Francisco. “Quando eu falo mal de alguém já estou amaldiçoando aquela pessoa. Quem morre pela boca é o peixe. Devemos ser santos em todo o nosso proceder”, advertiu o padre Márlon Múcio.

“Tenho de ser de Deus no olhar, nas palavras, no gestual, nos sentimentos, nas obras, nos passos. Deus quer-nos na hora da missa, mas também depois da missa. Deus quer-nos quando estamos sentados nos bancos da igreja, mas também quando estamos a tomar duche. Deus quer-nos e quer a nossa língua para nela pousar a Santíssima Eucaristia e para vê-la rezar o Pai Nosso, mas também quer a nossa língua quando estamos ao telemóvel e as nossas palavras e mensagens quando estamos nas redes sociais”, prosseguiu, alertando que “não dá para ser pela metade de Deus”.

“Santo António ensinou a falar na ausência de uma pessoa somente aquilo que eu teria coragem de falar na presença dela”, acrescentou o sacerdote, lembrando que a língua daquele santo que viveu nos séculos XII e XIII permanece “intacta” ainda hoje. “O que sobrará da nossa língua?”, perguntou, lembrando que as “palavras podem «curar» ou «adoecer» alguém, abrir «portas» ou fechar «portas», levantar «muralhas» ou estender «pontes»”. “Santa Faustina disse «quem não sabe se silenciar, no céu não haverá de morar»”, acrescentou, lembrando que a palavra deve ser “fruto” da oração.

Neste sentido, o padre Márlon Múcio considerou o encontro com Deus tem de levar à mudança de vida. “Se você tem um encontro pessoal com Jesus, se rende a sua vida a Jesus, passa a viver em renovação de vida. Se abre a alma ao Espírito Santo que santifica tudo e todos, passa a louvar, agradecer e a ter palavras doces para as pessoas. Todos nós, pela nossa vida, devemos transformar maldições interiores ou exteriores em bênçãos, ao ponto de, onde chegarmos, as maldições irem embora e as bênçãos de Deus pairarem naquele lugar”, afirmou.

“Você convidaria uma pessoa que diz muito palavrão, muita asneira e só sabe murmurar para se sentar no sofá da sua sala? Então porquê deixa estas pessoas entrarem através das novelas e de alguns programas de televisão?”, questionou, adiantando que em todos os lugares por onde tem andado tem “sentido o coração sofrido do povo” e tido contacto com “muitas histórias de dor”.

O sacerdote, que veio acompanhado de três elementos da Comunidade Canção Nova, agradeceu ainda a Portugal por ter chegado ao Brasil. “Se falo português e se sou cristão foi porque vocês chegaram. Tenho uma divida de gratidão com Portugal. Portugal deu-me uma língua para eu me entender com os homens e uma língua para eu me entender com Deus, a fé católica”, afirmou.

O encontro, que prosseguiu com a adoração ao Santíssimo Sacramento, foi repetido na quarta-feira na igreja matriz de Portimão.

O Renovamento Carismático Católico conta no Algarve com 18 grupos, de Lagos a Vila Real de Santo António.