A Associação Espaço Jacobeus (AEJ) promoveu no passado fim-de-semana um encontro dedicado às questões da patrimonialização do Caminho Central Português para Santiago de Compostela desde Faro.
A iniciativa, que contou com o contributo de especialistas e com participantes de vários pontos do Algarve, mas também outros pontos do país como Braga, Felgueiras ou Guimarães ou até de Espanha como Pontevedra, Cádis ou Madrid, ocorreu no contexto da recente inclusão, pela Comissão Nacional da UNESCO, dos Caminhos Portugueses de Peregrinação a Santiago de Compostela na lista indicativa de Património Mundial.
O encontro teve início no sábado à tarde no Convento de São Francisco, em Faro, com a inauguração da exposição fotográfica de Nuno Sousa, intitulada “Olhares de um peregrino no Caminho de Santiago”, título que dá também nome ao livro de Luís Ferreira que ali foi apresentado e que se ilustra com as fotografias expostas.
Seguiu-se na igreja de São Francisco a conferência de Alberto Solana, autor de um estudo sobre São Tiago que foi publicado em livro sob o título “El enigma compostelano” (O enigma compostelano).
O autor espanhol começou por referir-se à possibilidade de o corpo de São Tiago ter sido levado para Espanha pela rota marítima que já era usada pelos fenícios e “bem frequentada nos tempos apostólicos”. “A tradição jacobeia não é uma opção caprichosa e inacreditável, mas uma possibilidade coerente”, afirmou. Assegurando que “há indícios de um culto jacobeu anterior ao descobrimento do sepulcro”, lembrou que as escavações na catedral de Compostela permitiram a descoberta de elementos do século I.
“A tradição jacobeia contém um valioso conjunto de semelhanças. Se não há provas que desmintam a tradição de São Tiago em Espanha e, pelo contrário, há indícios, testemunhos e achados que concluem a sua viabilidade, e o contexto histórico o dão como compatível e possível, pelo menos há que admitir a sua semelhança, não digo a sua certeza”, completou.
A tarde prosseguiu no largo da Sé, com a bênção e inauguração, presidida pelo vigário geral da Diocese do Algarve, o cónego Carlos César Chantre, de um azulejo sinalizador do Caminho de Santiago, implantado na fachada do edifício do Seminário de Faro.
Regressados ao Convento de São Francisco, os participantes assistiram à assinatura de um protocolo entre a Ordem Franciscana Secular e a AEJ para utilização de uma sala naquele edifício para sede da delegação de Faro daquela organização. A delegação de Faro da AEJ reúne-se mensalmente naquele espaço, das 19h às 20h, na segunda-quarta-feira de cada mês.
O primeiro dia do encontro, que contou também com a participação da diretora regional da Cultura do Algarve, Alexandra Gonçalves, e do responsável do Sector da Pastoral do Turismo da Diocese do Algarve, o padre Miguel Neto, terminou com a realização de um jantar-palestra num restaurante da cidade velha.
O segundo dia do encontro, no passado domingo, teve início bem cedo, por volta das 6h com a concentração junto à catedral de Faro para peregrinação com reconhecimento do percurso Faro-Loulé do Caminho Central Português para Santiago de Compostela. Após a bênção, os peregrinos seguiram caminho, realizando as paragens nos mesmos pontos da peregrinação que decorreu em fevereiro deste ano.
Chegados a Loulé, seguiu-se o almoço e de tarde teve lugar a inauguração da sinalética do Caminho de Santiago.