Foi entregue no passado dia 18 deste mês, na Universidade do Algarve (UAlg), o primeiro ‘Prémio Cónego António Delgado’, atribuído pela Cáritas, que visa distinguir a “melhor dissertação de mestrado na área de intervenção social da Cáritas”.
O prémio, criado pela UAlg, pela Cáritas Diocesana do Algarve e pela Cáritas Portuguesa, distinguiu a dissertação de mestrado do curso de Educação Social, da Escola Superior de Educação e Comunicação (ESEC)da UAlg, da autoria de Adriana Sousa sobre o tema “Movimentos Sociais Digitais em Portugal”, da qual resultou a publicação editada pela “Editorial Cáritas”.
A distinção foi entregue no âmbito do 6º Seminário do Mestrado em Educação Social sobre o tema “As novas formas de (re)inventar a cooperação e intervenção em tempos de pandemia” que decorreu online e presencialmente no Anfiteatro 1.5 no Campus da Penha e contou com a presença do bispo do Algarve, D. Manuel Quintas, do diretor da ESEC, António Lacerda, do vice-reitor da UAlg, Saúl de Jesus, do presidente da Cáritas Diocesana do Algarve, Carlos Oliveira, e do presidente cessante da Cáritas Portuguesa, Eugénio Fonseca.
O trabalho da educadora social procura dar a conhecer a realidade dos movimentos sociais digitais, “desenvolvendo um exercício heurístico, bastante inovador no âmbito da pesquisa em pedagogia-educação social, para compreender como surgem os movimentos sociais no Facebook, como se organizam, quais as suas estratégias e ações que reivindicam”, refere o prefácio da publicação.
“A realidade deste tipo de movimentos é um fenómeno recente, embora, com tradição histórica nos movimentos sociais tradicionais sofrendo ao longo dos tempos novas reconfigurações. Outrora a luta dos movimentos sociais manifestava-se através de revoluções fazendo uso da violência. Atualmente, o ativismo verificado nas redes sociais, essencialmente, na rede social Facebook, alicerça-se na racionalidade, nos valores da democracia, na solidariedade e, principalmente, na partilha. Com a globalização e o desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação, nomeadamente, a Internet, estes movimentos expandiram-se, diversificaram-se e complexificaram-se. Neste trabalho procuramos analisar a estrutura e a organização destes movimentos, que tipo de ações coletivas dinamiza, quais as suas reivindicações e que tipo de interações são estabelecidas nas redes sociais”, destaca o resumo da obra.
O livro pode ser adquirido através dos sítios da Paulus ou da Wook, ou enviando um email para editorial@caritas.pt.
Para além da entrega do prémio e de menções honrosas, o Seminário do Mestrado em Educação Social deu a conhecer alguns projetos que procuraram dar resposta às urgências que surgiram com a pandemia – da distribuição de alimentos, à confeção de equipamentos de proteção, ao acolhimento de migrantes – quatro exemplos de mobilização e resiliência, que ajudaram a refletir sobre o papel das instituições e a importância do voluntariado no contexto atual.
Foi ainda apresentado o segundo volume do livro do mestrado em Educação Social. A Investigação em Educação Social – prática e reflexão – II Volume. Este livro compila um conjunto de doze textos inéditos resultantes de reflexão e pesquisa avançada no âmbito do Mestrado em Educação Social da UAlg, e, desde logo, representa um alargamento do repertório de experiências e perspetivas de investigação em educação social já apresentado no volume I, publicado em 2016.
O cónego António Delgado (1884-1967), natural de Vila Real de Santo António, fundou no concelho olhanense uma escola primária para crianças pobres (que funcionou até 1960), um asilo para idosos (atualmente a Estrutura Residencial para Pessoas Idosas da Santa Casa da Misericórdia) e um asilo para acolhimento de meninas em risco (atualmente o Centro de Bem Estar Social de Nossa Senhora de Fátima).
Adriana Sousa nasceu no Algarve, em 1977. Mais tarde, retoma o seu percurso académico, como trabalhadora-estudante. Licenciada inicialmente em Assessoria de Administração, o seu interesse pela área social levou a que mais tarde, se licenciasse e se tornasse Mestre em Educação Social, pela Escola Superior de Educação e Comunicação da Universidade do Algarve. Atualmente trabalha na área da saúde. Os movimentos sociais tradicionais sempre suscitaram o seu interesse, pelas lutas e reivindicações, mas com o advento da internet surge o particular interesse por um novo fenómeno, os movimentos sociais “digitais” criados na rede social Facebook. Alteraram-se paradigmas e formas de ação coletiva, mas a essência de novos e velhos movimentos sociais continua inalterada, “a luta contra qualquer poder instituído”. |
Universidade do Algarve e Cáritas criam prémio para dissertação de mestrado na área social