
A associação ambientalista Quercus considera “imprescindível” demolir todas as construções privadas e sem utilidade pública na Ria Formosa para renaturalizar as dunas desta zona húmida do Algarve.
Num balanço feito aos 27 anos da criação do Parque Natural da Ria Formosa, que se assinalaram ontem, a Quercus defendeu que “é imprescindível avançar de imediato com a remoção de todas as construções que não sejam de utilidade pública presentes nas ilhas-barreira e na península do Ancão”.
A Quercus aponta vários problemas relacionados com a ocupação humana na Ria Formosa, que está totalmente protegida por vários mecanismos de preservação ambientais europeus, mas continua a perder espécies de avifauna e vegetais pela influência do homem.
“Atualmente, muitas áreas do Parque Natural encontram-se fragilizadas devido à forte pressão turística e urbana, que compreende a edificação em zonas dunares e a utilização destas zonas para estacionamento, circulação de veículos e campismo ilegal”, refere a associação no texto em que faz o balanço dos 27 anos da criação do Parque Natural da Ria Formosa.
Uma situação que, segundo os ambientalistas, “gera a destruição do cordão dunar e a perda de habitat, devido à poluição da água, decorrente de descargas de efluentes urbanos e industriais, e também devido ao excesso de embarcações e das lavagens dos seus motores e à extração incontrolada de inertes”.
A Quercus refere ainda na análise que o parque natural “é ainda afetado por vários fatores de ameaça, como a possível expansão do aeroporto de Faro, o abandono ou a reconversão das salinas em tanques de aquacultura intensiva, a utilização de artes de pesca ilegais, a apanha indiscriminada de bivalves, o abandono de resíduos sólidos e de entulho, o sobrepastoreio em algumas áreas mais sensíveis e a presença de espécies exóticas infestantes”, que devem ser “erradicadas”.
Por isso, a associação propõe que se adotem novas medidas de gestão para proteger o sistema lagunar e conservar “espécies e habitats naturais de importância comunitária, da avifauna aquática e das espécies da flora globalmente ameaçadas” mas que deviam ser protegidas pelo Plano de Ordenamento da Ria Formosa.
A Quercus criticou também as intervenções humanas para reabertura de barras de entrada de água do mar, que na sua visão “interrompem a dinâmica natural das ilhas-barreira e consequentemente conduzem ao assoreamento das barras e do interior da Ria, levando ao aceleramento do círculo vicioso das dragagens periódicas que irreversivelmente causam danos nos ecossistemas lagunares”.
“Porém, a erosão costeira, potenciada por alguns dos fatores já descritos é, neste momento, a grande ameaça à área protegida”, pode ainda ler-se no mesmo documento.