"Vão ser apresentadas as nuances que têm a ver com essa mediterraniedade, apesar de estarmos banhados pelo Atlântico. Há aqui um equívoco e a ideia é, de uma forma lúdica, poder tentar desmontá-lo", precisou.
O investigador precisou que essa "é uma especificidade do sul do país e da faixa costeira algarvia, que é puramente mediterrânica, como numa ilha grega", e é visível no facto de "não haver propriamente quatro estações, mas sim duas, uma seca e quente, o verão, que vai de abril a outubro, e outra mais fria e húmida, no resto do ano".
Afonso do Ó frisou que este "é um primeiro carácter muito vincado que o diferencia dos climas temperados mais clássicos" e o torna em "climas quase tropicais, que fazem a transição dos temperados para os tropicais".
O investigador da área da Geografia adiantou ainda que as próximas duas conferências, marcadas para 16 de março e 05 de maio, vão realizar-se sob "o chapéu comum da identidade mediterrânica do Algarve", mas focando-se na água como "fator crucial não só de desenvolvimento mas de constrangimento ao desenvolvimento" e nas "relações com Espanha, nomeadamente a relação da Andaluzia com o Sul de Portugal", respetivamente.
"O facto de os recursos serem relativamente excassos faz com que não haja água para todas as atividades e quando se pensa fazer nesta parte do país um novo regadio ou uma nova urbanização tem que se ter em consideração que os recurssos são escassos, como se mostra cada vez que há uma seca mais intensa e ficamos no limite da oferta disponível", afirmou, referindo-se à segunda conferência.
Para o Afondo do Ó, é necessário "haver um cuidado muito grande na planificação das atividades porque muitas vezes elas excedem a capacidade do meio para as suportar" e "há sectores que competem entre si, como o regadio, que utiliza grande parte da água, o abastecimento urbano, que é prioritário, ou usos industriais e produção de energia hidroelétrica".
A terceira conferência será, de acordo com a fonte, "a mais lúdica" porque irá "brincar um bocadinho com os clichés" que os habitantes dos dois países têm uns dos outros.
"Nós na verdade temos uma identifidade, história e uma base bastante mais comum do que a grande parte das pessoas reconhece e isso é fruto de 700 anos de administrações voltadas de costas uma para a outra. Tivemos ditaduras, democracias e a adesão à Europa nas mesmas alturas, já para não ir buscar o nosso passado histórico que está cheio de elementos em comum", acrescentou.