O padre João Rego veio no passado sábado ao Carmelo de Nossa Senhora Rainha do Mundo, no Patacão, no concelho de Faro, evidenciar que Santa Teresinha é a prova de que a santidade está ao alcance de qualquer pessoa.
“Não nos desculpemos com a nossa fragilidade. Podemos ser santos como foi Teresinha. Ela descobriu o pequeno caminho e nos ensina esse caminho que é para todos, todos, todos”, afirmou o sacerdote carmelita no concerto orante que acabou mais por ser uma reflexão enriquecida com trechos da biografia da santa carmelita, intitulada “História de uma Alma”, e com canto de oração levado a cabo no mosteiro carmelita algarvio.

Natural do Porto, o padre João Rego, que é também compositor de cânticos com textos não só de Santa Teresinha, mas também de Santa Teresa de Ávila e de Santa Isabel da Trindade, começou por evidenciar que “o grande segredo da vida de Teresinha é o seu amor a Jesus”. “Tudo o que Teresinha faz é por amor a Jesus e no último ano da sua vida vai perceber muito melhor que amar Jesus é amar os outros”, referiu, desafiando à reflexão individual dos presentes: “qual é o amor que me move?”. “Teresinha aprendeu que não podia pôr a confiança em si própria nem nos outros”, mas no “amor misericordioso de Deus”. “É nele que ela põe toda a confiança”, realçou na reflexão subordinada o tema “A Confiança conduz-nos ao Amor!”.
Referindo-se, entre outros, ao tema da “paz de coração”, o orador exortou a aprender com a “mestra” e “grande psicóloga” carmelita a preservar a paz interior, explicando que “ela vai perceber quais são as coisas que lhe tiram a paz e vai pensar e rezar para encontrar a estratégia para nunca a perder”, referiu, exemplificando que Teresinha “vai desenvolver as estratégias” para evitar “responder no mesmo tom” a “uma irmã que lhe diz umas coisas muito desagradáveis”.

Neste sentido, explicou que a santa carmelita preferia “morder a língua, ficar em silêncio e, se não conseguia, fugia como uma desertora que não ia à guerra”. “Um dos nossos problemas é que, quando temos razão, queremos ganhar a batalha ainda que percamos a paz”, observou, explicando que Teresinha dizia que, perante a “batalha”, é melhor não “passar por cima”, mas “por baixo”. “Mas para passar por baixo é preciso ser humilde, ser-se pequenino”, completou.
“Porque a caridade não consiste nos sentimentos, mas nas obras”, o padre João Rego explicou que a carmelita “decidiu fazer por aquela irmã o que faria pela pessoa que mais amava no mundo”. “Teresinha alegra-se por ver Jesus nesta irmã. Deixa de pôr o olhar só no que é desagradável para ver mais fundo. A nossa relação com uma pessoa depende da imagem que temos dessa pessoa. Se eu mudar a imagem que tenho dessa pessoa, a minha relação com ela muda. Teresinha aprendeu isto”, prosseguiu.
O sacerdote, que na segunda parte da sua reflexão intercalou a sua reflexão e as suas composições musicais dos poemas de Santa Teresinha com a leitura dos escritos da carmelita nascida em França em 1873, explicou que ela viveu na época da “terrível doença dos escrúpulos”. “Teresinha viveu na época da espiritualidade jansenista, que fez tanto mal e que, infelizmente, ainda anda por aí; desse Deus juiz que está muito chateado com os homens, com os pecadores”, observou, acrescentando que, não obstante essa condicionante, ela “vai ler a sua história a partir do amor misericordioso de Deus”.

Por outro lado, o padre João Rego explicou ainda que, na leitura que faz de cada acontecimento, como Teresinha “aprendeu que, como tudo é graça, tudo pode ser causa de alegria”, “vê sempre o lado bom da coisas”. O sacerdote disse ainda que a carmelita aprendeu que “a grande sabedoria é viver hoje e não se preocupar com o amanhã”. “A preocupação com o amanhã gera ansiedade. Aprender a viver hoje é a grande sabedoria espiritual”, referiu.
Por fim, referiu ainda que a santa carmelita ensinou que “Nossa Senhora prefere mais ser imitada do que admirada”. “Teresina vê Maria como uma de nós”, observou.
Esta reflexão sobre Santa Teresinha inseriu-se no programa comemorativo dos 50 anos da fundação do Carmelo algarvio, iniciado no passado dia 12 de julho.