Igreja algarvia realizou ontem a abertura do Sínodo dos Bispos 2021-2023 sobre o tema da sinodalidade

O bispo do Algarve manifestou, na abertura do Sínodo dos Bispos na diocese, a vontade da Igreja algarvia em escutar todos no processo sinodal e aprender mesmo com aqueles que estão fora.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

“Reparai que o Papa nos pede para nos escutarmos todos e uns aos outros, inclusivamente aqueles que têm a tendência de se autoexcluir, inclusivamente aqueles que raramente participam nas nossas celebrações e nas nossas eucaristias, incluindo até aqueles que não pertencem à Igreja”, disse D. Manuel Quintas no fim da eucaristia a que presidiu ontem ao final da tarde na igreja de São Luís em Faro.

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“Queremos escutar todos para que, não só sejamos Igreja que escuta, mas também aprendamos com aqueles que, mesmo não fazendo o nosso caminho, mesmo não fazendo parte desta nossa família, têm certamente algo importante a dizer e que nos pode ser útil para sermos cada vez mais a Igreja de Cristo, fiel à missão que Ele nos deixou”, prosseguiu.

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“Todos dependemos uns dos outros e todos temos a mesma dignidade no seio do povo santo de Deus”, lembrou, acrescentando que “o verdadeiro poder é serviço” e que “a sinodalidade exige que os pastores escutem atentamente o rebanho confiado aos seus cuidados, tal como requer que os leigos exprimam os seus pontos de vista com ousadia, liberdade e verdade”. “Todos se escutam uns aos outros, em espírito de comunhão fraterna e de empenho mútuo na realização da missão comum. Desta forma, a ação do Espírito Santo manifesta-se de múltiplas maneiras em todo o povo de Deus”, completou.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
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O processo sinodal 2021-2023, convocado pelo Papa Francisco, tem como tema “Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão” e teve a sua abertura oficial no dia 9 deste mês e ontem em cada diocese católica sob a presidência do respetivo bispo. A 16ª assembleia geral do Sínodo dos Bispos vai decorrer até outubro de 2023, precedido por um processo inédito de consulta, e de forma descentralizada, pela primeira vez, com assembleias diocesanas e continentais.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
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O bispo do Algarve referiu-se ontem à “atitude primordial que deve caraterizar toda a partilha sinodal: a escuta mútua e a escuta conjunta do Espírito Santo”.

D. Manuel Quintas destacou o caminho sinodal como “um tempo de graça e dom para toda a Igreja” e, de modo particular, para a Igreja diocesana algarvia, com o qual todos são convidados “um percurso espiritual e a fazer uma experiência renovadora da Igreja”. “Um caminho, acima de tudo, espiritual como nos pede o Papa Francisco que nos deve conduzir a uma conversão pessoal e pastoral”, alertou, lembrando que o “percurso é constituído por três etapas: as comunidades paroquiais, as vigararias e as dioceses, às quais se seguirão as etapas, nacional, continental e, por fim, em outubro de 2023, a etapa universal, com a Assembleia sinodal, em Roma, constituída pelos delegados provenientes dos cinco continentes”.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
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“Os vossos párocos e os vigários de cada vigararia, apoiados, a nível diocesano, pelo vigário da Pastoral com a sua equipa, responderão a todas as vossas solicitações de modo que a oração, reflexão e partilha de toda a diocese, sobre os diferentes assuntos que nos são propostos, nos ajudem a promover uma renovação inadiável da Igreja, sonho anunciado pelo Papa Francisco na sua primeira exortação apostólica ‘A alegria do Evangelho’”, prosseguiu D. Manuel Quintas, lembrando que o processo sinodal visa uma “opção missionária capaz de transformar tudo, para que os costumes, os estilos, os horários, a linguagem e toda a estrutura eclesial se tornem um canal proporcionado mais à evangelização do mundo atual, do que à autopreservação”.

“Predisponhamo-nos, meus caros diocesanos, a acolher o repto que nos lançou o Papa Francisco e iniciemos este caminho juntos com entusiasmo, criatividade e a ousadia própria de quem se deixa conduzir pelo Espírito Santo. Não nos recusemos a dar o nosso contributo. Acolhamos o sonho do Papa Francisco na edificação da Igreja que todos somos chamados a ser, como nos recorda o Documento Preparatório do Sínodo: uma Igreja que faz florescer a esperança nos outros; estimula a confiança; liga as feridas; tece relações novas e mais profundas; constrói pontes; ilumina as mentes; aquece corações e dá uma força nova às nossas mãos, na realização da nossa missão comum”, pediu.

Depois do momento da comunhão foi feita a distribuição dos documentos sinodais a alguns representantes da diversidade da diocese, incluindo os vigários das quatro vigararias, tendo sido rezada a oração pelo sínodo.