Há todo um sururu por aí e isto não é novo. Todos os anos comento isto e todos os anos sinto isso. É uma agitação no ar, um excesso de cor, de ruído, de eventos, de iniciativas. Um borbulhar constante de coisas a fazer e sítios onde ir e gestos a assinalar, numa pressão de calendário à qual cedemos e à qual nos rendemos porque sim.
E porque sim, é quadra de festa, o Natal. Uma festa grande, bonita, maravilhosa. Uma festa que assinala vida e com ela, traz o amor, a fraternidade, a ternura. Uma festa que se renova anualmente, gratuita, infinita e capacitada para ser levada como desafio e propósito para todos os outros dias do ano.
Mas depois olho para o presépio, tão esquecido, tão colocadinho às vezes lá atrás de tudo, meio disfarçado, ou nem colocado, substituído pelas renas dos países frios, pelos duendes das histórias de encantar, pelos laços, pelas fitas, trenós e tudo-e-tudo-e-tudo, um TUDO que, sinceramente atordoa, confunde e penso: “tão simples, o presépio. Tão singelo, tão doce. Tão fácil.”
E neste recentrar de lente, volto ao presépio e à essência da festa, desta festa. E o atordoamento melhora.
Tem de ser, temos de recentrar esta lente. Sob pena de o deixarmos de ver, o presépio e isso, não pode acontecer. Afinal, sem nada ter pedido, é a essência da festa, a principal essência. Tudo o resto, é acessório. Mesmo que agradável, colorido, engraçado, só acessório. E ter esta consciência, faz-nos viver as quadras como bem queremos, mas devolve-nos a génese que elas, as quadras, também têm.
Simples, isto.
Sururu é uma expressão Popular no Brasil, que quer dizer Briga, desordem, confusão.