José Inácio Costa Martins foi um homem de bem. Foi um português que pretendeu, através de um período revolucionário, equilibrar, socialmente, a vida dos portugueses, dito menos desafortunados e em que todos os grupos sociais foram contemplados. Foi um ministro (do Trabalho) que criou estruturas para que os portugueses pudessem desfrutar de algumas regalias sociais, tais como subsídio de férias e 13.º mês (Natal). Sabemos como o poder político aliado aos restantes poderes e interesses cimentados na cultura social portuguesa não admitem que as benesses se abram em reformas estruturais. Por isso fico admirando esses jovens que no presente partem em missões de apoios às populações do dito terceiro mundo; mesmo a estes jovens das nossas cidades que vagueiam pelas noites, após dedicarem o tempo dos seus empregos, estudos, etc, andam entre eles angariando comida, agasalhos e medicamentos afim de lhes aliviar a dureza da vida. E nisso vou acompanhando a minha filha mais jovem.
O meu conterrâneo José Inácio Costa Martins, o Zeca, meu companheiro de escola chegou a ministro, utilizando a sua pasta ministerial para um fim… Não lho admitiram! E extremas direitas e esquerdas na política do país em mudança montaram (o pior que se pode fazer a um homem justo e cristão) uma perseguição tenaz e caluniosa (temos muito disso em vários sectores das sociedades, nem sempre, exclusivamente, portuguesa). Então o Zeca viu-se perseguido, expulso do seu país. Persistente, como o conhecia desde a adolescência, recorreu durante anos à justiça também internacional. O Estado português colaborador da calúnia viu-se obrigado a reconhecer a inocência do ex-ministro, reintegrando-o no seu posto na aeronáutica portuguesa e indemnizá-lo em mais de 400 mil euros.
Ao messinense tenente coronel José Inácio da Costa Martins, foi-lhe concedida a Ordem da Liberdade, como tributo merecido.
Em Abril de 2009, os Messinenses, apoiados pelas autoridades políticas, religiosa e civil homenagearam o capitão de Abril, perante mais de duas centenas de seus patrícios, em que lhe foi entregue, simpaticamente, o título de Notável Messinense. O major general José Manuel da Costa Neves traçou o perfil deste filho da terra de João de Deus, como Grande defensor das liberdades democráticas e lutador pela defesa da verdade e da justiça.
Nesse dia vi o Zeca feliz, sem sorrisos. Estávamos sentados lado a lado. Segredou-me: Depois, quando sairmos vamos até ao adro da igreja. Lembras-te do padre Lola e das nossas malandrices durante a catequese?! Hoje parece-nos o tempo de reviver. Não chegámos a ir reviver o passado. Num lusco-fusco de Março passado foi nas asas de um pequeno avião, levado pela morte.
Tenho lembrado ultimamente e muito do meu amigo Zeca, quando as nuvens negras da crise que se instalou e em que o povo foi ameaçado e castigado, sem que em nada tivesse contribuído… E se têm mostrado tão ameaçadoras.
O Zeca não foi um sonhador, mas um homem concreto, com um destino marcado, num ideal social e cristão.