A Academia Nobel resolveu atribuir este ano o Prémio Nobel da Paz a três mulheres, que se notabilizaram nos seus países na luta pela paz e pelos direitos humanos. Duas são do mesmo país, a Libéria e a terceira é do Iémen. São elas a Presidente da Libéria Ellen Johson Sirleaf, de 72 anos, economista e mãe de quatro filhos, que se tornou na primeira mulher africana eleita democraticamente presidente da República, e que desde o início do seu mandato presidencial em 2006 foi determinante para a paz, o desenvolvimento económico e social e para a promoção da condição feminina na Libéria.

A outra liberiana laureada com o Nobel da Paz é Leymah Gbowee, de 39 anos, que é uma ativista pela paz e foi uma incansável lutadora para acabar com as sucessivas guerras civis que martirizaram o povo liberiano até 2003. Ela mobilizou as mulheres da Libéria pelo fim da guerra civil, propondo em 2002 uma espécie de "greve de sexo" por parte das mulheres liberianas, que se recusavam a intimidades conjugais com os seus maridos, enquanto eles não abandonassem as armas.

Além desta iniciativa singular, Leymah Gbowee também organizou jornadas de oração pela paz, em que as mulheres liberianas de diferentes religiões, tribos e etnias, vestidas de branco, rezavam juntas pela paz. Finalmente a terceira mulher é também a mais nova das três. Trata-se da jornalista iemenita Tawakkul Karman, de apenas 32 anos e que passa assim a ser a primeira mulher árabe a receber o prémio Nobel. Trata-se de uma oposicionista ao regime do ditador Ali Abdallah Saleh, atualmente refugiado na Arábia Saudita. Esta jovem mulher criou a Associação de Mulheres Jornalistas sem Correntes, para defender e promover a liberdade de expressão e organizou protestos pacíficos contra o regime ditatorial. Tem-se destacado igualmente na promoção dos direitos das mulheres no seio das sociedades árabes, onde como sabemos tais direitos pura e simplesmente não existem.

A expectativa do comité Nobel ao atribuir este ano o prémio Nobel da paz conjuntamente a estas três mulheres é que "o prémio ajude a colocar um fim na opressão às mulheres que ainda ocorre em muitos países e a reconhecer o grande potencial para democracia e a paz que as mulheres podem representar", declarou o Presidente do Comité Nobel que acrescentou que "não podemos alcançar a democracia e a paz duradoura no mundo se as mulheres não obtêm as mesmas oportunidades que os homens para influir nos acontecimentos em todos os níveis da sociedade".

Também no seio da Igreja as mulheres devem ser chamadas, cada vez mais, a assumirem novas e acrescidas responsabilidades. Talvez até que o insucesso de certas iniciativas pastorais decorra do fato de não lhes ser confiado um maior protagonismo. Sabemos que ao nível das nossas Paróquias muitas coisas não funcionariam se não fossem elas, a começar pela catequese… A Igreja, regozijou-se com este prémio no feminino. O Presidente do Pontifício Conselho Justiça e Paz, o Cardeal Peter Turkson, referiu que este prémio "é algo de muito encorajador para as mulheres, uma vez que as suas iniciativas foram reconhecidas a nível mundial; é algo muito positivo e um bom sinal também para as outras mulheres e um bom encorajamento para outras iniciativas".

Luís Galante