A criadora de “Com a cabeça nas nuvens” (Mário Rainho/Fado Nazaré) atua na sexta-feira à noite no TEMPO – Teatro Municipal de Portimão e no dia seguinte em Faro, no Teatro das Figuras.

Nestes dois espetáculos a fadista é acompanhada por Ângelo Freire, na guitarra portuguesa, Pedro Soares, na viola de fado, André Moreira, no baixo e contrabaixo, João Gomes, nos teclados e Mário Costa, na bateria e percussões.

À Lusa a fadista afirmou que “Desfado” marca a sua “independência”.

“Sinto-me livre, forte e independente, e são sensações muito novas para mim. Estou a querer explorá-las e não estou a deixar que o medo me impeça de fazer aquilo que quero”, salientou.

“Não estou aqui a inventar nada, nem digo que isto é um novo fado”, advertiu a fadista.

"O disco tem fado tradicional e tem outras coisas diferentes”, rematou Ana Moura, que, em 2008, recebeu o Prémio Amália para Melhor Intérprete.

O disco inclui canções de autores como Pedro Abrunhosa, Mário Raínho ou Miguel Araújo Jorge entre novas composições e músicas tradicionais como o "Fado Macau" ou o "Fado Primavera".

Sobre a diversidade aparente do repertório, a fadista atestou: “É a minha voz o que unifica todos estes autores e estilos diferentes”.

Ana Moura integra também a equipa autoral e assina a música de “Dream of Fire”, letra de um autor amigo da fadista, que quer manter o anonimato.

“Desfado” foi editado no passado dia 12 pela Universal Music e é composto por 17 temas. Um outra edição, exclusiva da FNAC, inclui um DVD das gravações em los Angeles, clima que agradou muito à fadista.

"Este álbum implicou um empenho e focalização a 100 por cento no que se estava a fazer. Nós saíamos do estúdio e íamos para casa ouvir o que tínhamos gravado, e regressávamos no outro dia para gravar mais. Foi muito intenso, mas não permitiu outras distrações, estávamos focados apenas no disco”, afirmou à Lusa.

Pedro da Silva Martins é o único autor que assina dois temas – a letra e música de “Desfado”, que abre o CD, e “Havemos de acordar”, que conta com a participação de Tim Ries.

Entre os diferentes temas, a intérprete referiu “O espelho de Alice”, de Nuno Miguel Guedes, que canta na música do "Fado Santa Luzia", de Armando Machado.

“O poema espelha precisamente aquilo que sinto neste momento: o final de um ciclo em que carrego as alegrias e os erros, e o começo de outro, tendo a noção de que não serei como dantes”, declarou.

Lusa