Reportagem de António Rodrigues (Mais Algarve) e Samuel Mendonça (Folha do Domingo)
O bispo do Algarve presidiu ontem ao final da tarde, na catedral de Faro, à Eucaristia de comemoração do seu Jubileu Episcopal.

D. Manuel Quintas, que celebrou neste dia 03 de setembro 25 anos de ordenação episcopal, manifestou duas atitudes que disse brotarem espontaneamente da sua mente e do seu coração. “Ação de graças a Deus, aquele que é verdadeiramente o autor de todo bem, e reconhecimento que muito mais e melhor Deus podia ter realizado não fosse as minhas fragilidades e limitações”, concretizou, acrescentando: “Felizmente, ao longo deste tempo, encontrei tanta gente, dos mais diversos quadrantes, que supriu estas minhas fragilidades”.

Na celebração, o aniversariante pediu que essa colaboração prossiga. “O vosso apoio não pode terminar hoje para continuarmos a caminhar juntos. Não me deis descanso e eu farei o mesmo em relação a vós para a realização plena da missão da Igreja, anúncio de Cristo e do Evangelho”, pediu, formulando ainda um “propósito renovado”. “Eis-me aqui para continuar a anunciar o Evangelho de Jesus Cristo. Eis-me aqui para juntos percorrermos o caminho que conduz a Cristo, nosso guia, nosso verdadeiro e bom pastor, nosso único mestre. Eis-me aqui para convosco prestar glória e louvor a Deus nosso Pai”, afirmou.
D. Manuel Quintas agradeceu aos diversos membros da “bem amada Igreja diocesana do Algarve”, começando pelos “sacerdotes bons e generosos” que a servem “com dedicação e abnegação, não só para além do limite de uma idade aceitável, mas do limite das próprias forças”. Também se dirigiu aos “diáconos que se colocam totalmente ao serviço da ação evangelizadora, sobretudo na sua dimensão sociocaritativa”, e às “consagradas e consagrados que se entregam de alma e coração ao testemunho de Cristo e do Evangelho”, sem esquecer o Carmelo algarvio, “a celebrar os 50 anos de fundação”.

Referiu também os “leigos competentes e capazes dos maiores sacrifícios na construção do reino e na dedicação à sua comunidade e aos diferentes serviços pastorais diocesanos” e à “juventude inquieta e voluntariosa que procura abrir-se sempre mais a Cristo e aos valores do Evangelho, impelida pela participação na Jornada Mundial de 2023 e, recentemente, no Jubileu dos Jovens em Roma”.

D. Manuel Quintas disse ainda ser “igualmente rejuvenescedor pertencer a uma Igreja constituída por alguns milhares de crianças e adolescentes” que frequentam as catequeses, “alguns, e com muito orgulho, como escuteiros ou acólitos” e que “dão cor, alegria e vida” às comunidades e “marcam o seu ritmo celebrativo”.
O bispo do Algarve não esqueceu “quantos, já de idade avançada, se encontram particularmente unidos à oblação de Cristo na cruz: os mais frágeis, os sozinhos, os portadores de alguma forma de deficiência, os que vivem privados de liberdade e de dignidade”.
Àqueles leigos, voltou a dizer-lhes que os seus párocos e ele próprio continuam a contar com eles para edificação de “uma Igreja fraterna, sinodal, missionária, sinal de esperança para todos”. “É sobretudo Cristo que conta connosco para ser hoje em cada um de nós sinal e fonte de salvação também no Algarve”, clarificou.

Na sua homilia, em que lembrou que o bispo tem como missão “servir” e não “presidir”, realçou que “ser bispo significa exercer a autoridade iluminado pelo «amor até ao fim» de Cristo”. “O ministério não é poder para dominar, mas serviço para amar, para cuidar dos mais frágeis e para animar cada comunidade na vivência do Evangelho”, sustentou.
Na Missa, concelebrada por quase 30 bispos do país e por dezenas de padres diocesanos, D. Manuel Quintas agradeceu e saudou todos os que encheram a Sé de Faro, referindo-se particularmente aos seus familiares, pároco e restantes conterrâneos de Mazouco, na Diocese de Bragança-Miranda, que atravessaram o país para ali estar envergando camisolas verdes estampadas com o brasão episcopal do bispo do Algarve. “A vossa presença constitui para mim motivo de alegria e de estima”, disse.

Saudou os seus “irmãos dehonianos”, na pessoa do provincial daquela congregação a que também pertence e referiu-se aos representantes das Igrejas Ortodoxa ligada ao Patriarcado de Moscovo e Anglicana, respetivamente padre Ioan Gherbovetchi e pastora Carla Vicencio Prior. “Dirijo igualmente uma palavra amiga aos nossos irmãos de outras Igrejas cristãs presentes, com os quais mantemos laços de verdadeira fraternidade no caminho de unidade e de fé no mesmo Senhor que juntos estamos a percorrer”, afirmou.

No início da Missa, que foi concelebrada por quase 30 bispos do país, incluindo o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. José Ornelas, e por dezenas de padres diocesanos, o vigário geral da diocese algarvia lembrou a “coincidência feliz” do aniversariante celebrar as suas bodas de prata episcopais “num ano santo, um ano da esperança”. “Não estamos aqui por obrigação, estamos aqui porque queremos abraçá-lo. O nosso abraço, o nosso muito obrigado pelo seu ministério”, afirmou o cónego César Chantre.

Já o encarregado de negócios da Nunciatura Apostólica em Portugal foi portador da mensagem do Papa. Pela voz do monsenhor José António Teixeira, Leão XIV escreveu que D. Manuel Quintas “promoveu com dedicação a sagrada doutrina, cumprindo dignamente os fundamentos do múnus pastoral, quer através do assíduo serviço da palavra, quer mediante a obra cristã realizada no meio do rebanho do Senhor, exultando sempre aos preceitos evangélicos”.
D. Manuel Quintas manifestou-se grato ao Papa pela mensagem que lhe dirigiu. “Reafirmo-lhe neste dia a minha e fidelidade no exercício do meu ministério em comunhão com todo o colégio episcopal no serviço a esta amada Diocese do Algarve no tempo que ele considerar oportuno”, afirmou.


No final da Missa, representantes dos jovens dirigiram ao bispo do Algarve uma mensagem, agradecendo o seu exemplo, apoio e confiança com a oferta de um cálice e de um crucifixo. Também os seus conterrâneos lhe ofertaram algumas lembranças e cabazes.
A Eucaristia contou ainda com a presença de deputados, de representantes do corpo consular, de serviços desconcentrados do Estado, de presidentes dos municípios algarvios, bem como de autoridades académicas, militares e policiais. Participaram ainda representantes da Cáritas Diocesana, das misericórdias e centros sociais paroquiais, de movimentos e novas comunidades, de associações e outras instituições ao serviço do povo algarvio. D. Manuel Quintas agradeceu-lhes o “serviço inestimável” prestado à região algarvia. “Manifesto o meu reconhecimento a todos. Com todos aprendi a servir o povo algarvio. Conhecer-vos e conhecer o vosso serviço foi preciosa ajuda para a minha missão como bispo diocesano”, disse-lhes.
A Eucaristia contou com a colaboração de um grupo coral diocesano acompanhado pela orquestra do Conservatório de Música de Loulé, dirigido pelos maestros António Alves Pereira e Rui Jerónimo, na interpretação de cânticos maioritariamente compostos pelo falecido monsenhor cónego José Pedro Martins.

Depois da Eucaristia seguiu-se um jantar comemorativo no Palácio Fialho. Naquela ocasião, o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa agradeceu ao bispo do Algarve e à diocese. “Obrigado pelo ministério destes 25 anos ao serviço da Igreja do Algarve. Obrigado pela festa que prepararam e pelo testemunho de Igreja que deram”, afirmou D. José Ornelas.
O monsenhor José António Teixeira voltou a tomar da palavra para agradecer a D. Manuel Quintas “a colaboração generosa que sempre teve com a Nunciatura Apostólica” que disse testemunhar a “comunhão com o Santo Padre e com a Santa Sé”.
Carta do Papa Leão XIV a D. Manuel Quintas
Ao venerável irmão Manuel Neto Quintas, da congregação dos dehonianos, bispo de Faro Congratulamo-nos com vossa excelência pela celebração do Jubileu de prata da vossa ordenação episcopal, reconhecendo ao mesmo tempo a diligência e a manifesta providência divina que se tornaram evidentes junto da comunidade eclesial algarvia. Para maior glória de Deus e para a renovação da vida espiritual, vossa excelência promoveu com dedicação a sagrada doutrina, cumprindo dignamente os fundamentos do múnus pastoral, quer através do assíduo serviço da palavra, quer mediante a obra cristã realizada no meio do rebanho do Senhor, exultando sempre aos preceitos evangélicos. Enquanto vos auguramos todos os melhores bens, concedemos de bom grado a nossa benção apostólica a vossa excelência, ao vosso clero, aos fiéis e aos vossos familiares, como penhor de salvação no Senhor. Dado em Roma, a 4 de agosto do ano de 2025. Leão XIV |