O cónego António Rego foi condecorado na passada quinta-feira, 26 de setembro, pelo Presidente da República com o grau de comendador da Ordem do Infante D. Henrique.

Foto © Rui Ochoa/Presidência da República

Na cerimónia de entrega das insígnias honoríficas que decorreu no Palácio de Belém, Marcelo Rebelo de Sousa destacou a comunicação “com proximidade” realizada pelo cónego António Rego, assim como a sua capacidade de dar um “conselho avisado, senatorial, prudente”.

O cónego António Rego recebeu a condecoração com sentimentos de “gratidão às comunidades”, aos serviços por onde passou e até ao que “ficou por fazer. “Manifesto gratidão às comunidades que acompanhei, aos serviços que prestei e a quanto ficou por fazer e que no meu coração teve o ardente desejo de realizar”, disse à Agência Ecclesia.

“Tenho uma grande gratidão no meu coração por Deus me ter sustentado na sua mão generosa, em cada minuto da minha existência, para que eu nunca desistisse nem subestimasse este mistério da minha vocação, primeiro a de batizado e a de presbiterado”, acrescentou o sacerdote, que este ano celebra 60 anos de ordenação.

O cónego António Rego disse não ser “modelo”, lembrando as comunidades que teve oportunidade de “percorrer, informar, evangelizar”.

De acordo com a informação no portal da Presidência da República, “a Ordem do Infante D. Henrique destina-se a distinguir quem houver prestado serviços relevantes a Portugal, no país e no estrangeiro, assim como serviços na expansão da cultura portuguesa ou para conhecimento de Portugal, da sua história e dos seus valores”.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

O sacerdote e jornalista açoriano foi homenageado também na passada sexta-feira, 27 de setembro, pelo Secretariado Nacional das Comunicações Sociais, pelo seu serviço à Igreja Católica e ao jornalismo em Portugal.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

A sessão, intitulada ‘António Rego: 60 anos de sacerdócio e jornalismo’, contou com uma projeção de vários dos trabalhos jornalísticos do padre António Rego, ao longo de várias décadas, na televisão portuguesa. “A praça mais pública que havia era a televisão”, disse à Agência Ecclesia.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

O especialista disse que tentou sempre que as pessoas aderissem “sensorialmente” aos programas, como o ‘70×7’, que se mantém em emissão na RTP 2. “Nós filmámos mais o que as pessoas fazem do que o que as pessoas dizem”, recordou.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

A reportagem evocou ainda a passagem pela TVI e o papel no acompanhamento do fenómeno religioso, como um setor da sociedade com a mesma importância dos outros.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

A iniciativa decorreu no final das Jornadas Nacionais de Comunicação Social, em Fátima, na ‘Domus Carmeli’.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

D. Rui Valério, patriarca de Lisboa, uniu-se ao momento de celebração, assinalando as décadas de trabalho do homenageado na capital portuguesa, agradecendo “tudo o que pela fez pela Igreja”.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

O cardeal D. António Marto, bispo emérito de Leiria-Fátima, saudou o “sentido profundo” com que o sacerdote soube apresentar os acontecimentos e as pessoas, procurando “abrir caminhos novos à Igreja”, como “construtor de pontes”.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

A sessão incluiu um momento de diálogo do padre António Rego com Carlos Liz e José Lopes de Araújo, respetivamente o antigo diretor de Marketing da TVI e o antigo diretor das Relações Institucionais e Arquivo da RTP, com moderação de Paulo Rocha, diretor da Agência Ecclesia.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

José Lopes de Araújo falou do papel do padre António, ainda por reconhecer, no período “imediatamente a seguir à revolução do 25 de Abril”. “Sempre foi visto como um de nós”, um profissional “sério, isento, independente”, salientou, saudando ainda a sua “capacidade ecuménica”.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Carlos Liz, por sua vez, falou de uma pessoa que foi referência para o percurso de muitos católicos portugueses, saudando um “marcador” de territórios. “Partir do grande, partir do muito grande, é algo que nem todos conseguem”, observou.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

A homenagem ao padre António Rego, com a presença de dezenas de participantes, começou com uma intervenção da diretora do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais. Isabel Figueiredo manifestou gratidão pela possibilidade de promover esta homenagem a quem procurou a “perfeição”, enquanto profissional. “Éramos interpelados, sempre, a fazer mais e melhor”, assumiu.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Vários dos participantes foram convidados a partilhar memórias e homenagens ao padre António Rego, numa sessão encerradas por D. Nuno Brás, presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais.

com Agência Ecclesia

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

 

Natural das Capelas, na Ilha de São Miguel, onde nasceu em 1941, o padre António Rego foi ordenado sacerdote no dia 21 de junho de 1964, iniciando o seu ministério em Angra do Heroísmo, até ser enviado para trabalhar na comunicação social, em Lisboa.

Ao longo de mais de 50 anos como padre e jornalista, o padre Rego foi autor dos programas “Hoje é domingo”, “Nota do Dia”, “Meditando”, “Diálogo com os que Sofrem”, “Esquema XIII”, “Verdade e Vida”, “Andar faz caminho”, “Toda a Gente é Pessoa”, “O homem sem tempo”, “Alfa e Omega”, “70×7”, “Palavra entre palavras”, “Reflexo”, “Oitavo Dia”.

Primeiro na rádio e nos jornais, na Diocese de Angra, o sacerdote trabalhou na Renascença, entre 1968 e 1975, e, até 1992, nos jornais nacionais, nos canais nacionais da rádio e na televisão públicas, no cinema, nas cooperativas audiovisuais e no Secretariado Nacional das Comunicações Sociais.

Convocado desde o início para o projeto TVI, iniciou como diretor de informação da estação que começou as emissões em fevereiro de 1993 e nela continuou como coordenador de programas religiosos, da transmissão da missa e depois como autor, produtor e realizador do programa “Oitavo Dia”.

O regresso à direção do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais, em 1996, correspondeu também à conclusão do diálogo entre as confissões religiosas radicadas em Portugal para uma presença conjunta na rádio e na televisão públicas, com o programa “A Fé dos Homens”, primeiro na RTP2, desde 15 de setembro de 1997, e depois na Antena, a partir dia 1 de novembro de 2009.

Após 23 anos de colaboração na TVI e 52 anos de trabalho pastoral realizado a partir da Diocese de Lisboa, onde se incardinou e era cónego da Sé Patriarcal, o padre António Rego regressou aos Açores em fevereiro de 2020, no início da pandemia, encontrando-se a residir com a família.