O administrador apostólico da Diocese das Forças Armadas e Forças de Segurança considerou hoje em Portimão que “a Força Aérea tem uma identidade que encarna os mais elevados valores e a mais acutilante grandeza de espiritualidade”.



D. Rui Valério, que presidiu à Eucaristia na igreja matriz de Portimão, celebrada no âmbito das comemorações do 72.º aniversário da Força Aérea Portuguesa, começou por destacar a missão daquela entidade na “causa da paz, da defesa e da segurança do cidadão”, referindo-se na sua homilia à “solidariedade de socorrer todas as vítimas de naufrágios, acidentes, incêndios ou necessidade de transplante de órgãos”. “É neste contexto que se situa o supremo e superior desígnio de defender Portugal e os portugueses a todos os níveis. É a vocação da Força Aérea. Assim, ela representa a coroação do concurso de muitos e variados carismas”, afirmou.




Aquele responsável destacou que o “manancial de heroísmo e de bravura pela sua laboriosa epopeia ao serviço de Portugal, oferece forças de superação e critérios de abordagem existencial”. “Por isso, os frutos da sua atuação e o significado da gloriosa história que tem construído excedem, e em muito, os limites da jurisdição de ramo das Forças Armadas”, afirmou, falando num “auxilio” e “apoio que garante a autodeterminação de Portugal, da sua independência, e que garante tanto bem-estar, segurança, apoio, aconchego, auxílio a toda a nação e não só, seja em terra, no ar ou no mar”.


D. Rui Valério considerou que “a capacidade, intrínseca à sua missão, de gerar forças com relevância civilizacional e de conquistar fluxos construtivos de vidas sãs e moralmente impolutas, não advém apenas da qualidade dos seus meios, ou da eficácia das suas estratégias, mas brota daquela alma, daquele carisma e daquele espírito que os pioneiros acalentaram nos seus sonhos e planos, e que transmitiram ao grande projeto de voar a servir Portugal e a paz”. “Foi a generosidade, mas sobretudo, a fé dos pioneiros que os levou a esculpir no modus operandi e na força do labor a ela inerente os padrões inscritos no próprio Evangelho de Jesus Cristo”, completou.


O administrador apostólico da Diocese das Forças Armadas e Forças de Segurança lembrou que “o levantar voo das aeronaves expressa o desejo de todo o ser humano de ir sempre mais além”. “O fascino do céu testemunha a sede de infinito que habita o coração de todos nós”, acrescentou, dizendo aos efetivos daquela força de segurança da primordial circunstância em que se encontram. “Ninguém, como vós, se encontra na privilegiada condição de falar aos homens do encanto do Alto. É para ele que nós tendemos porque é o céu que exerce a força gravitacional sobre o ser humano”, afirmou.


D. Rui Valério referiu-se então à “máxima, sugerida pelos grandes místicos, que fala do olhar a partir do ponto de vista da eternidade”. “É esta perspetiva que deve animar todo o cristão e hoje, com particular relevância dizemos, que deve animar todos os profissionais da Força Aérea para agirem e decidirem, não condicionados pelas contingências da temporalidade nem dos limites da historicidade, mas sob o impulso e a inspiração do infinito”, prosseguiu, exortando-os a “ver, agir e decidir, mas sempre a partir do eterno”.



O presidente da celebração partiu ainda das “poderosas máquinas”, pilotadas e desenvolvidas pelos operacionais da Força Aérea, para lançar uma reflexão mais abrangente. “Constatamos que são os seus potentíssimos motores que projetam a aeronave e a mobilizam. Na nossa vida, o que impulsiona alguém a sair dos redutos do imobilismo e da apatia e o impele a viver com e na esperança não é, necessariamente, o sentido do dever, nem a coragem dada pela presença e proximidade dos camaradas, mas é, certamente, o amor e confiança. O amor é fonte de força. Só onde há e impera o amor, aí surge e renasce a confiança, a confiança em Deus, em si, nos outros, na vida”, referiu.



D. Rui Valério pediu ainda que aquela força de segurança prossiga na senda da sua história de 72 anos “a servir, a recriar, a pintar, com esperança, horizontes de vida” e, “na fé e na confiança, a apontar para o céu como meta” dos “desígnios” e como “significado da existência terrena”.

Também o bispo do Algarve, que concelebrou a Eucaristia, se referiu na sua mensagem de boas-vindas à “missão não só de garantir a soberania e a integridade do património nacional”, de “contribuir para construir e consolidar a paz, mas também pela sua participação em inúmeras ações de serviço direto das populações ou buscas e salvamentos”. “As asas da Força Aérea são sempre asas que protegem, aconchegam, geram confiança e esperança”, sustentou na Missa que teve também como intenção o sufrágio de quantos, militares e civis, estiveram ao serviço daquela força de segurança e já faleceram.
Concelebrada por outros sacerdotes, a celebração contou com a do padre Leonel Castro, capelão adjunto da Força Aérea Portuguesa.



No final da celebração, o ministro da Defesa Nacional, que participou na celebração juntamente com a secretária de Estado da Defesa Nacional, Ana Isabel Xavier, renovou, em declarações aos jornalistas, o compromisso de investimento nas Forças Armadas. “O nosso compromisso é em linha com a parceria euro-atlântica, com a NATO, em defesa das democracias e da liberdade. E é por isso que temos inscrito no programa do Governo e cumpriremos a aproximação de investimento na defesa até ao mínimo de 2% do PIB porque só assim estaremos em condições de ajudar os nossos aliados em tempos difíceis quando sabemos que a guerra acontece junto à fronteira da União Europeia e do perímetro da NATO”, afirmou Nuno Melo.
O governante também destacou o papel que a Força Aérea “desempenha pela paz quando salva um cidadão de uma falésia” ou “no mar procura pescadores” ou “ajuda na emergência médica, no transporte de órgãos fundamentais em transplantes que salvam vidas, em missões internacionais espalhadas por quatro continentes, na prevenção e no combate a incêndios”. “É em tempo de paz que as forças armadas são mais nítidas e o que se deseja é que vivam sempre em paz”, complementou, lembrando que “as Forças Armadas estão disponíveis 24h por dia para ajudar as populações”. “A nossa obrigação, poder politico, é capacitar a Força Aérea com as melhores possibilidades para que, em guerra ou em tempo de paz, possa servir”, concluiu.
O chefe do Estado-Maior da Força Aérea, general João Cartaxo Alves, que também participou na Eucaristia, lembrou que “nos Açores e na Madeira, a Força Aérea garante o serviço de emergência médica e salvam-se a três a quatro vidas diariamente”.
A comemoração do 72º aniversário da Força Aérea decorreu em Portimão, de 29 de junho a 07 de julho. Ao longo dos últimos dias de comemoração, realizaram-se diversas atividades, com destaque para a “Exposição da Força Aérea”, na zona ribeirinha de Portimão, e da “Exposição dos 30 anos do F-16 na Força Aérea”, localizada na antiga lota da cidade. Decorreram ainda demonstrações de capacidades, concertos populares da Banda de Música da Força Aérea, batismos de voo, espetáculos visuais de drones e uma corrida/caminhada solidária no Autódromo Internacional.