O bispo do Algarve exortou ontem os cristãos algarvios à edificação de uma Igreja “missionária, sinodal e peregrina de esperança”.

“Uma Igreja que transporta consigo uma história, que é também divina, iniciada há mais de dois mil anos; uma Igreja cujos membros são chamados a ser testemunhas do amor de Deus e a participar ativamente na missão de Cristo no mundo”, sustentou D. Manuel Quintas na Eucaristia do Dia da Igreja Diocesana, celebrada ontem à tarde na Sé de Faro, no âmbito da solenidade do Pentecostes.

Para além de celebrar aquela solenidade e o Dia da Igreja Diocesana, a Igreja algarvia viveu também a ordenação de um novo sacerdote para o seu presbitério. “Três realidades que se entrelaçam e se conjugam com o Jubileu da Esperança que estamos a celebrar, assim como com a aplicação do documento final do Sínodo [sobre a Sinodalidade]. Realidades que nos motivam para melhor celebrarmos esta Eucaristia, realidades que queremos acolher à luz da Palavra de Deus que acabámos de escutar, e nos levam a afirmar que queremos continuar a ser uma Igreja nascida no Pentecostes; uma Igreja missionária; uma Igreja sinodal peregrina de esperança, sempre conduzida pelo Espírito”, considerou o bispo diocesano.

D. Manuel Quintas disse ser a “esperança que norteia e fortalece a Igreja, perante os desafios que é chamada a enfrentar e as transformações que é convidada a assumir numa contínua atualização do Pentecostes” e lembrou que, para isso, a Igreja “precisa e conta com a participação corresponsável de todos e da qual nin guém se deve dispensar: bispos, presbíteros, diáconos, consagradas, todos os leigos, jovens e crianças”.

“Somos uma Igreja nascida no Pentecostes e não em Babel. Não somos nem queremos ser povo estéril e sem vida, corpo sem alma. O Espírito Santo capacita-nos para resistirmos à tentação de edificarmos as «Torres de Babel» do individualismo, do orgulho, da competição, do relativismo prático que podem levar-nos a agir como se Deus não existisse, a fazer opções como se os pobres não existissem, sonhar como se os outros não existissem, a trabalhar como se aqueles que ainda não receberam o anúncio do evangelho não existissem”, prosseguiu.

O bispo diocesano acrescentou que “os dons que o Espírito concede a cada um, porque expressão da sua ação na Igreja e em cada um dos seus membros, tornam-se dons e vida para todos”. “Foi no Dia de Pentecostes que os discípulos de Jesus, até àquele dia um grupo frágil, isolado e amedrontado, se transformou numa comunidade viva, entusiasta e missionária. Uma comunidade animada pela escuta da palavra, pela oração, pela partilha de bens, pela Eucaristia, pelo anúncio e testemunho de Cristo ressuscitado”, lembrou, acrescentando que “a Igreja nasce como um corpo unido, onde cada um se sente membro vivo e assume uma função própria ao serviço de todo o corpo, como expressão da diversidade dos dons com que o Espírito a todos enriquece”.

O bispo do Algarve destacou ainda a dimensão missionária da Igreja “onde se fala a mesma linguagem do Espírito e onde, povos tão diferentes, podem experimentar o amor e a comunhão geradores duma verdadeira fraternidade”. “O essencial passa a ser a experiência do amor que, no respeito pela liberdade e pelas diferenças, une povos e nações”, destacou, lembrando que “uma Igreja missionária é sempre uma Igreja ágil e disponível, sem amarras interiores e exteriores, sem bolsa nem alforge, apenas com uma túnica, um bordão, um par de sandálias… e sempre, sempre inseparável da presença fecunda do Espírito”.