O padre Bruno Valente, ordenado no passado dia 08 deste mês pelo bispo do Algarve, regressou ontem à paróquia de origem para celebrar a sua ‘Missa Nova’, dia em que a Igreja celebrou a solenidade da Santíssima Trindade.




Na renovada igreja do Montenegro, que foi pequena para acolher todos aqueles que fizeram questão de participar na celebração, o novo sacerdote começou por se referir ao “mistério da sua vocação”. “Só em Deus poderei compreender plenamente o mistério da minha vocação e, de um modo muito especial, o dom do ministério presbiteral que, no passado domingo [08 de junho], me foi conferido pelas mãos do nosso bispo diocesano, ministério esse que encontra na entrega plena de Jesus na cruz o horizonte e a meta para onde deve sempre caminhar, tal como a liturgia da Igreja me recordava no próprio dia da ordenação”, declarou.



“Por mais que me esforce por compreender o porquê de o Senhor me ter chamado assumir esta missão, colocando no meu coração uma marca de amor que jamais poderá desaparecer, a minha vocação permanecerá sempre como um mistério, um mistério profundamente unido ao mistério ainda maior que hoje celebramos e, no qual, esta mesma vocação encontra a sua plena razão de ser”, sustentou.



O novo sacerdote recordou ter sido naquela paróquia do concelho de Faro que tudo começou. “Aqui comecei a caminhar na fé e pude fazer a experiência de que ser cristão não é apenas aderir a uma doutrina ou a um ensinamento que em nada nos compromete. Ser cristão é, antes de mais, deixar se encontrar por Jesus Cristo, Palavra eterna de Deus e Palavra que nos dá vida. Ser cristão não é apenas aceitar e compreender quem é Jesus, mas antes aceitar que Ele nos surpreenda com a sua proposta de amor e se torne para cada um de nós um modelo de vida”, prosseguiu.



“Convosco, nesta tarde, dou graças ao Senhor por me terdes mostrado, cada um à sua maneira, que o Deus plenamente revelado em Jesus Cristo não é um Deus solitário, mas um Deus de comunhão que nos chama a vivermos como irmãos; um Deus que nos mostra que tal como cada pessoa da trindade é para o outro, assim cada um de nós se sinta plenamente realizado na medida em que se relaciona e se entrega generosamente ao serviço dos outros”, continuou.



O padre Bruno Valente disse ainda que “quando no seio de uma comunidade cristã alguns dos seus membros se sentem chamados a acolher uma missão concreta, seja no ministério ordenado, na vida religiosa ou no compromisso laical, este é um sinal de que aquela comunidade é uma comunidade viva, que continua a acolher e a deixar se interpelar pela promessa de Jesus de que o Espírito Santo os há-de guiar sempre e em cada dia”.


“Hoje compreendo de maneira mais profunda que ser padre, mais do que uma vontade minha ou uma vontade de outros, é uma vontade do amor de Deus Pai que, através de Jesus Cristo, me chama e capacita para atuar na força do Espírito Santo ao serviço da Igreja”, explicou, lembrando ser “a vontade de Deus que está na origem de qualquer vocação”. “A vontade de Deus que olha para cada um de nós com amor, escuta as nossas necessidades e que, por isso, nos envia verdadeiros pastores segundo o seu coração”, completou, certo de que “o Senhor continua a chamar muitos à intimidade e a uma relação mais autêntica e mais profunda”. “Não tenhamos medo de escutar e acolher a sua voz, mesmo que nos pareça difícil ou até impossível o caminho que Jesus nos propõe, mesmo que esse caminho nos desinstale e nos retire da nossa zona de conforto”, exortou, garantindo que “a Deus nada é impossível”.

Aos muitos jovens presentes dirigiu uma palavra particular. “Convosco serei testemunha da alegria do Evangelho diante dos desafios que o futuro nos há-de colocar pela frente. Podemos não saber como será esse futuro, mas tal como os discípulos de Jesus havemos de contar com o auxílio do Espírito Santo para nos guiar e indicar que caminho devemos seguir e que decisões teremos de tomar. Para cada um de vós espero ser sempre um sinal de que o Senhor nunca desiste de nos amar, um sinal de que podemos sempre colocar a nossa confiança e a nossa esperança em Deus”, afirmou.


No final da celebração, participada por vários sacerdotes da diocese – particularmente o atual e os anteriores párocos daquela paróquia – agradeceu ao bispo do Algarve pela “graça tão grande” que lhe concedeu de se associar ao seu ministério, primeiro como diácono e agora com o presbítero, com quem neste último ano tem “tido a alegria” de partilhar um pouco mais da sua vida no auxílio que tem sido chamado a prestar-lhe no dia a dia.


Agradeceu igualmente aos pais e à irmã por o acompanharem sempre neste caminho. E, neles, a toda a sua família, lembrando de um “modo muito especial e muito terno” e os seus avós paternos e o seu avô materno.

Agradeceu ainda aos formadores dos Seminários por onde passou. Particularmente ao padre Pedro Manuel e, de “um modo muito especial”, ao falecido monsenhor cónego José Pedro Martins que o receberam no Seminário de Faro e a todos aqueles que ao longo destes anos o acompanharam não só naquele Seminários, como no de Caparide, em Lisboa, e no de Évora, assim como ao Instituto Superior de Teologia de Évora onde se formou.



Agradeceu também aos seus párocos, particularmente ao cónego César Chantre que o acompanhou nestes últimos anos, mas também ao padre António da Rocha com quem deu os primeiros passos na descoberta da sua vocação naquela paróquia. “E neles a todos os presbíteros e diáconos que me acompanharam na minha vocação e que me receberam agora como irmão e amigo no presbitério da Igreja do Algarve”, prosseguiu.
Por fim, agradeceu aos escuteiros da Conceição de Faro e de Évora por aonde também passou e que o “ajudaram a crescer como homem”; às paróquias da cidade de Faro, particularmente a da Sé e a de São Luís, assim como à comunidade do Montenegro, “onde tudo começou, por tudo o que fez” e por o “ajudar a crescer na fé”.
O novo sacerdote terminou a celebração com a consagração do seu ministério e da sua vida à Nossa Senhora de Fátima, padroeira daquela paróquia.




No início da celebração esteve o bispo do Algarve para deixar “um obrigado muito grande ao padre Bruno” Valente. “É muito bom estar aqui com ele na sua paróquia no dia em que celebra a sua primeira missa aqui onde nasceu o desejo e a vocação de ele ser padre”, afirmou D. Manuel Quintas, agradecendo também àquela paróquia por ter “acolhido o chamamento que Deus lhe fez”. “Obrigado a esta comunidade que soube também ampará-lo, acolhê-lo, apoiá-lo e rezar por ele para que esta semente da vocação que o Senhor da messe semeou no seu coração pudesse germinar, crescer e agora frutificar”, afirmou.

O bispo diocesano agradeceu ainda aos pais do novo sacerdote “por todo o apoio que neles encontrou durante o seu percurso”.
Por fim, D. Manuel Quintas disse que gostava que a ordenação do padre Bruno Valente e também a sua ‘Missa Nova’ naquela paróquia fosse também “semente de chamamento”. “Primeiro, a uma vida cristã mais autêntica a nível de fidelidade, com maior predisposição para acolher e para corresponder aos apelos que Deus nos faz de diferentes maneiras e diferentes modos, mas também à vocação sacerdotal e missionária e a uma consagração de toda a vida. Que esta sua primeira missa nesta vossa paróquia do Montenegro possa também ser espaço de uma grande sementeira de sementes que o Senhor lança nos nossos corações para sermos cristãos mais autênticos e também para consagrarmos toda a nossa vida a Ele”, pediu.